JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Do jornal A União


QUANDO OS PADRES VISITAVAM A ESCOLA


 A Escola Primária do Corpo Santo, onde hoje está instalada a Junta de Freguesia da Conceição, tem histórias que levavam o seu tempo a contar, uma delas tragicómica quando, após o almoço (decorria das 12 às 13 horas), o LG se cansou de pedir à professora Jesuína para “ir lá fora” (entenda-se por WC) e ela, teimosamente, nunca lhe deu luz verde para o efeito. E o que aconteceu
face a essa negação? O nosso amigo LG não esteve para meias-medidas e borrou-se todo na cadeira onde estava sentado. O cheiro daquela coisa que a gente conhece por m.... foi-se espalhando pela sala e, a dada altura, sem autorização da “mestra”, a debandada foi geral, ficando a sala vazia à espera que alguém a limpasse. Como ninguém o fez na ocasião, o tempo passou e a hora da saída chegou. E, no dia seguinte, até pedimos ao LG para repetir a dose, pois, tratando-se de uma quinta-feira, era dia dos padres visitarem a escola durante a manhã. Sim, os padres, José Garcia e Hermínio que falavam sobre religião e, na parte final, tínhamos que rezar. Um dia, o Jorge Coelho excedeu-se com o padre José Garcia e foi o pandemónio  naquela escola, com a professora Jesuína completamente atarantada. Mas aqui a aula de religião continuou e só saímos ao meio-dia para o almoço e todos cantavam “a gente quer é futebol”, coisa que não tínhamos na escola por birra da professora Jesuína que, por ter uma perinha, foi alcunhada de “barbuda”. Era má nem as cobras e daí teimosa q.b., mas, depois daquela ação do LG, ela jamais deixou de conceder autorização a quem pedia “para ir lá fora” para urinar ou despejar a tripa. Contudo, às quintas-feiras, antes das 10 horas, a professora avisava a navegação: "quem quiser ir lá fora aproveite estes 10 minutos de tolerância, porque, depois, não há autorização para ninguém”. Claro que às quintas-feiras tínhamos as visitas pastorais digamos assim. A rapaziada até não se importava de rezar, o problema é que ninguém dentro da escola (exceto a professora) “gramava” (termo aplicado naquele tempo) o padre José Garcia, um “calmeirão” que veio do Pico para a ilha Terceira. Por outro lado, tínhamos simpatia pelos sobrinhos do mesmo, o Nuno e o José Garcia (nome do tio) que moravam ali pertinho da igreja e da Escola Industrial. Na verdade, a rapaziada do tempo (alguns estão emigrados para os Estados Unidos e Canadá) se identificava com o padre Hermínio, por ser uma pessoa mais calma e, sobretudo, por ser brincalhão. Digamos dois padres de feitios diametralmente opostos. O padre José Garcia era de explosões e só metia respeito em função do seu porte atlético. E o mais curioso de tudo isto é que a maltinha da Escola Primária do Corpo Santo procurava ir à missa quando esta era celebrada pelo padre Hermínio. Tempos que já lá vão. E que estes dois padres estejam em bom lugar, na Paz do Senhor!
Observação – Não quisemos revelar o nome do aluno em questão por acharmos que podia ficar melindrado, hoje que  é um adulto e pai de filhos. Mas essa foi mesmo uma história de lhe tirar o chapéu.


Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário