CLARINHA – Nossa! Eu não tinha
enxergado uma oração em meu poema. Mas agora que o senhor me ensinou a ver Deus
em tudo, e vendo Frei Luís triste daquele jeito... Agora sei que Rosa de
Freitas Souza rezou quando fez um Apelo:
O meu riso mecânico
incrustado na parede
é vontade de pintar
em todos os muros
riscos mais fortes
do mais escuro carvão.
A minha mensagem dura
para homens lerem
em todos os postes e muros
a urgência que há nas notas
de um grito em solidão.
(SAEM
CONVERSANDO... FREI FRANCISCO VAI ONDE FREI LUÍS ESTÁ)
FREI FRANCISCO – Vamos fazer
uma oração, Frei Luís, assim quem sabe o senhor acalma seu coração.
FREI LUÍS– Tem razão, Frei
Francisco, como diz Edson Gonçalves Ferreira:
Este é meu corpo
Paira Luz sobre minha cabeça,
que assombra os homens, todos
os homens, todos,
todos os dias.
Carrego Deus comigo na fraca
dimensão da minha carne.
Eu sou o filho do Filho
escolhido,
um Moisés novo e prazeroso,
um João amoroso. Eu, em
qualquer tempo,
em qualquer espaço, não largo
Deus, alargo.
Eu O agarro por inteiro
e no cheiro
e no gosto
e no calor das coisas.
Com Ele ascendo aos céus na
terra.
Com Deus agarrando em mim sou
tudo,
tudo faço,
tudo permito com humanidade
e humilde. A carne feita para
a oferta no
"Este é meu corpo, tomai
e comei."
MÚSICA. PASSAGEM DE TEMPO
(NOVIÇA MARIA RITA ESTÁ NA
CAPELA CHORANDO, ENTRA MADRE ESPERANZA)
MADRE ESPERANZA -
Noviça Maria Rita, você está chorando?
MARIA RITA – Madre Esperanza,
eu estou tão triste, me fale do sofrimento para que eu possa derramar todas as
lágrimas amargas que estão dentro de mim.
MADRE ESPERANZA – Olha, tem um
poema de Maria Aparecida Camargos Freitas, que se chama Canção.
Não quero só cantar o
sofrimento.
Há alegrias que iluminam o
dia:
o riso da criança,
a flor que vem à vida,
desabrochando a cor.
O pássaro que voa no
firmamento
e tem a visão do planeta em
movimento,
e pode contemplar a cachoeira
descendo a montanha como
líquido
cristal.
Quero cantar a árvore robusta
que aprofunda raízes
e vai buscar no solo o seu
sustento.
Árvore que lança seus galhos
ao céu,
como preces em lamento.
Que se enfeita de flores
a cada primavera e que
no outono atapeta de ouro o
chão.
Cantar
o coração
como amor remido
um beijo desejado e nunca
consentido.
Cantar a luz do sol e a
palidez da lua.
Com essa canção e melodia do
vento,
dança a nuvem no céu
um tango de Gardel!
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