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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

terça-feira, 25 de julho de 2017

Da conceituada atriz Cidah Viana



MARIA RITA – Eu sei madre, eu sei que a alegria ilumina tudo! Mas eu não consigo ficar alegre. Descobri o amor quando li o poema que a Frantieska fez com o pseudônimo de Vitória Aparecida Costa de Assis:

O amor


Não há sentimento mais bonito
do que esse que eu sinto.
Ele se chama amor.
Todos nós temos, é só procurar lá no fundo.
O amor é uma plantinha que quando brota
não para mais de crescer.
Temos várias formas de amar.
Todas são lindas.
Não tenho nada contra...
nada contra o amor.
Ninguém deve ter
pois o amor, como já disse,
é uma plantinha que quando cresce...cresce...vira uma flor.

MADRE ESPERANZA – Se você descobriu o amor, o que então a atormenta tanto?
MARIA RITA – Eu fiz uma coisa muito feia, madre. Acusei o Frei Luís de fazer uma coisa que ele não fez, e quando eu o vejo naquela tristeza toda, sinto nele o próprio sofrimento de Cristo. E ele não disse nada, não se defendeu, aceitou calado minha calúnia. Foi aí que conheci o amor de Deus. (CHORA)
MADRE ESPERANZA – Noviça Maria Rita, o mais importante você já fez, arrependeu-se. Peça perdão a Deus e Ele vai te devolver a alegria de viver. (SAI)
(ENTRA FREI ALFREDO)
MARIA RITA – Frei Alfredo, o senhor pode me atender em confissão?
FREI ALFREDO – Claro, noviça.
MARIA RITA – Frei, eu pequei contra o céu e contra o Frei Luís. Fui eu quem escondeu sua bíblia.
FREI ALFREDO – Eu sei. Eu a vi debaixo do forro pouco depois e me lembrei que o Frei Luís saiu da capela antes que eu a colocasse no altar. Só estava esperando este momento para pegá-la novamente.
MARIA RITA – Que vergonha, Frei. Me perdoe? (PEGA A BÍBLIA E ENTREGA AO FREI ALFREDO)
FREI ALFREDO – Eu te perdoo minha filha, de todos os seus pecados, em nome de Deus e da Santíssima Trindade. Agora reze o Ato de Contrição, e se puder, peça perdão ao Frei Luís também, ele está se sentindo muito só. Faz-me lembrar um poema de Paulo Milagre.

Solidão de casa cheia

No nosso quarto,
minha Rainha desvenda os mistérios
das novelas encantadas...
No outro,
minha princesa embala
a saudade do namorado
nas notas e letras de suas jovens melodias...
No terceiro quarto,
meu príncipe dedilha
as cordas do contrabaixo
acompanhando os embalos do seu tempo...
E na sala,
eu curto a solidão da casa cheia,
nos inúmeros canais da TV a cabo
nada encontro de interesse.
Ativo o CD player.
Me entrego às ondas sonoras
que me levam a imaginação a viajar...
Uma casa cheia,
mulher e filhos junto a mim
vivendo esses poucos momentos

que logo, não mais existirão...
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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