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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

terça-feira, 11 de julho de 2017

Da conceituada atriz Cidah Viana



Se esta rua fosse minha

José João Bosco Pereira

Ah, se esta rua fosse minha,
eu pintava de azul todinha,
com alegria no horizonte,
com sorridente semblante,
só para meu povo desfilar.
Nesta rua mora gente,
que vive contente,
em convívio de paz,
porque é feliz e capaz.


FRANTIESKA – E eu vou falar o meu dançando. (MÚSICA)

A dança

Maria Aparecida Camargos Freitas

Ainda me olham com prazer.
Tenho momentos de beleza.
Quando danço, saio de mim
e entra a alegria.
Viajo sobre os montes,
vejo rios de diamantes,
flores de rubi,
florestas de esmeraldas.
O mundo se transforma
na fantasia da dança.
Rodopia e rodopio como o pião
do menino em tardes de verão.
Dormindo, qual o brinquedo
nas hábeis mãos,
transpondo-me ao céu,
em oração.

(MADRE PIETRA, ROBERTA E FRANCISCA FICAM BRINCANDO E DANÇANDO...)
(ENTRAM FREI ALFREDO E FREI LUÍS)
FREI ALFREDO – Como o senhor não pegou? Eu deixei ela aqui, oh! No altar!
FREI LUÍS – Eu não vi sua bíblia, Frei Alfredo!
FREI ALFREDO – Noviça Maria Rita viu o senhor pegando!
FREI LUÍS OLHA PARA A NOVIÇA E ABAIXA A CABEÇA, SENTA NUM CANTO, TRISTE.
CLARINHA – Frei Humberto! Alguém viu o Frei Humberto? Frei Humberto!
(ENTRAM TODOS CORRENDO)
FREI FRANSCISCO – Que que é isso!? O mundo acabou?
CLARINHA – Ai, Frei Humberto, eu vou ficar loooouca!
FREI HUMBERTO – O que foi, pequena?
CLARINHA – O senhor não disse que poesia também é oração? Então me ensine a rezar porque eu não consigo decorar o meu poema.
FREI HUMBERTO – Tá bom, ensino. Eis um poema-prece, de um padre amigo meu, Padre Zezinho:

Quando eu faço a minha prece

Quando eu faço minha prece
Eu nunca rezo por mim
Não é porque não precise
Nem porque sou orgulhoso
Mas é porque me ensinaram
Que o teu amor é sem fim
Aí, eu penso comigo
Se és um Deus tão amigo
Então já pensas em mim
Quando eu faço minha prece
Nunca digo o que preciso
Quando criança eu pedia
Mas depois criei juízo
E penso com meus botões
Se és tão Pai como dizem
Antes de eu abrir a boca
Já sabes do que preciso
Então por que pediria?
Vais me dar
Se eu precisar
Às vezes eu sou tentado
A te fazer uns pedidos
Chorar forte nos teus ombros
Os meus sentimentos feridos
Falar das minhas tristezas
Dessa dor que às vezes dói
Dessa raiva que me rói
De ver meu povo pisado
Tratado como animal
Então eu penso comigo:
Vou pedir pra mim, por quê?
Se quase nada me falta
E meu povo nada tem
Se eu sou feliz ao meu modo
E há tanta gente infeliz
Então eu rezo por eles
E te digo: meu Senhor
O amor a mais que eu teria
Dá pra eles, por favor...
Quando eu faço minha prece
Eu nunca rezo por mim
Um padre uma vez me disse
Que não é bom nem ruim
Mas não é que eu não precise
Nem por ser pobre e orgulhoso
É que já me deste tanto
E me fazer feliz
Que por saber que me amas
E teu amor é sem fim
Prefiro falar dos outros
E falar menos de mim
Mas Deus se isso é pecado
Então começo a rezar
Mas aviso antecipado
Vai ser um não acabar
Porque pedido não falta
Precisão também não
E fé também não me falha
Só que penso em meu irmão
Coitado dele meu Deus
Precisa mais do que eu
Eu já tenho tudo que preciso
Tenho até muito mais
Por isso meu Deus amigo
Deixe que eu fale contigo
Como quem não pede mais
Eu prefiro aquela prece
Do homem que te agradece
Até pelo que não tem
Quando a dor dói doida
Ele ainda diz: amém!
Bom Deus, se for tão errado
Rezar olhando pro lado
E apontando meu irmão
Então pelo jeito o teu Evangelho
Ficou velho
Pois Jesus orava muito
E às vezes fala de si
Mas a vida inteira
Falou dos homens de ti
E mais do que tudo isso
Falou aos homens de ti
Quando eu faço minha prece
Eu nunca rezo por mim
E esta é mais uma delas
Bom dia meu Deus sem fim
Meu Deus amigo e fiel
É muito bom estar vivo
Mesmo se o gosto é de fel
Mas põe no colo esta gente
Que não sabe o que é amar
Eles precisam de reza
Como precisam Senhor
Quanto a mim, tenho certeza
Se eu precisar vou ganhar
E mesmo que eu não receba
Não vou deixar de rezar
Tudo o que sei nesta vida
é que Tu amas sem fim
E enquanto cuido dos outros

Tu não te esqueces de mim.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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