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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

domingo, 17 de setembro de 2017

Do jornal A União






FOI UM DIRIGENTE DE ELEIÇÃO


A vida tem encontros, desencontros, seguimentos de situações, enfim, muita coisa que às vezes até não acreditamos que elas acontecem ou aconteceram em tempos mais remotos.

Tinha eu cerca de 15 anos de idade, jogava nos Principiantes do Marítimo e, embora por pouco tempo, fui empregado na empresa de representação de iates (Santo Amaro, Terral Alta, Espírito Santo) de Albano de Oliveira Ribeiro e cujo escritório se situava ao lado da Casa Chinesa, enquanto que o armazém funcionava na Rua do Espírito Santo. No escritório, chefiando, um senhor (Tomás Silva?) oriundo da Graciosa e que veio para a Terceira na companhia da esposa e dos seus dois filhos. Era, de fato, uma pessoa extraordinária e que, na ausência do Albano, me facultava a ida aos treinos (duas vezes por semana). Dizia-me sempre: “cuidado para que o Albano não tome conhecimento que te dispensei”. Sempre que tínhamos um tempinho (que era raro naquela casa), o dito senhor falava-me dos seus filhos que trabalhavam na Base das Lajes, acrescentando que um era do Lusitânia e outro do Angrense. Naquela altura, só conhecia os que eram do Marítimo e os verdes e encarnados mais conhecidos no burgo, entre outros Dr. José Correia Bretão, João Batista da Silva, Adalberto Pinheiro Bettencourt. Enfim, os mais carismáticos dessa época de acesa rivalidade entre Lusitânia e Angrense.
Mais tarde, finalmente, já com a idade de sénior, é que vim a conhecer os filhos do senhor Silva. Um do Angrense e o outro do Lusitânia. Pelo lado do Angrense, Ildefonso Manuel Pereira da Silva, e do Lusitânia, João Silva. Ambos foram dirigentes. E foi no ano em que Ildefonso Silva presidia aos destinos do Angrense que eu aceitei o cargo de treinador da equipa de juvenis do clube. Com Ildefonso Silva fui mantendo uma maior ligação, inclusive com o irmão quando regressei de Angola em 1967. Como árbitro, época de 1967-68, apanhei João Silva na qualidade de dirigente do Lusitânia.
Ildefonso Manuel Pereira da Silva foi, e manda a verdade dizer, um dirigente de eleição, inclusive quando passou pela Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. Ele que representou a AFAH na célebre reunião relacionada com o jogo da Taça de Portugal entre o Lusitânia e o Porto, jogo esse que não se realizou pelo fato do Porto ter ficado retido em Santa Maria e, depois, regressar à Cidade Invicta. Em ata federativa, assinada por Ildefonso Silva, o representante do Futebol Clube do Porto e o secretário-geral da FPF, Afonso Vaz Lacerda (RIP), ficou acordado que o Porto (levou, nesse mesmo ano, 6-2 do Benfica na final da Taça de Portugal) realizaria um jogo particular em Angra, o que nunca aconteceu. É uma história (48 anos) que já tem “barbas brancas”, obviamente com o Porto em falta.
Não podia, de forma alguma, nesta série de textos que tenho apresentado neste jornal, deixar de trazer à estampa a figura de Ildefonso Manuel Pereira da Silva, um dirigente que sempre primou por uma paradigmática verticalidade.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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