Ilha da Graciosa
José Ramos de Aguiar
“Ó rapaz esse problema vai-se resolver:”
“José defende sempre a tua terra, defende sempre
o teu povo e a sua cultura.”
Quando, em 1973, saí da minha ilha Graciosa para
estudar (no Liceu Nacional de Angra do Heroísmo) na vizinha ilha Terceira, com
apenas 13 anos de idade levávamos, só na viagem, no mínimo quatro horas. Nessa
altura nem se sonhava que um dia o avião também voaria para esta pequena ilha
da nossa região.
Passar de uma viagem de quatro horas (quase
sempre enjoado pelos balanços que o mar provocava)
para uma de vinte minutos,
de avião, era como ter adormecido no cabo das tormentas e acordado no paraíso.
Talvez também por isso a minha geração e as que me antecederam valorizamos
tanto o bem que temos sem nunca deixar de lutar pelo melhor que queremos para
os nossos filhos.
Vem isto a propósito da primeira frase que
escrevi no início deste texto e que muitas vezes ouvi, directamente para mim e
outras tantas para amigos meus e que foi proferida pelo senhor Luís Bretão.
Poucos poderão imaginar o que era chegar ao
aeroporto das Lajes em lista de espera e ter presente na memória as tristes
quatro horas de viagem no velho “Ponta Delgada”, e era quase sempre nessas
alturas que todos queríamos falar com o senhor Luís Bretão, por ele, julgávamos
nós e hoje tenho a certeza, sentir a nossa agonia, compreender a nossa
ansiedade, percebia a vontade grande que tínhamos de ver a nossa família e era
o tal senhor que, sempre a andar depressa, resolvia, quase sempre, a nossa
situação depois de nos ter dito: “Ó rapaz esse problema vai-se resolver”.
Passados vários anos assumi funções
públicas, nomeadamente autárquicas e, nestas funções, há sempre quem nos
aconselhe a ver só os partidos, outros apenas e só os seus interesses, outros
ainda só o seu bem-estar ignorando o seu semelhante, enfim vemos e ouvimos de
tudo, ficando algumas vezes baralhado quanto á melhor decisão a tomar para o
bem de todos.
Foi também durante este tempo que, por diversas
vezes, falei com o senhor Luís e sempre senti nele um grande apoio e acima de
tudo uma grande convicção na defesa daquilo que é o bem, de forma particular no
que á cultura, desporto e tradições populares diz respeito e daí muitas vezes
ter ouvido a frase: “José defende sempre a tua terra defende sempre o teu povo
e a sua cultura”.
Por estes dois factos se vê que os outros
estão sempre primeiro, na mente do meu amigo. Obrigado senhor Luís por, sem ser
professor, tanto me ter ensinado e, com o seu exemplo, fazer com que eu o
queira imitar.
Não sei porquê mas gosta-se do senhor Luís
Bretão porque se gosta e não há grandes explicações para isso.
Sei que não tenho capacidades literárias, nem
sabedoria para que me permitam transcrever em papel os sentimentos de respeito,
consideração, admiração e grande amizade que nutro pelo senhor LUIS BRETÃO, mas
foi uma grande honra partilhar com todos o bem que sempre senti vindo da parte
deste grande homem de quem falamos.
José Ramos de Aguiar-Santa Cruz da Graciosa,
Março de 2014
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