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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Luís Bretão - Um Terceirense de Causas

Ilha da Graciosa 

José Ramos de Aguiar 

“Ó rapaz esse problema vai-se resolver:”

    “José defende sempre a tua terra, defende sempre o teu povo e a sua cultura.”

    Quando, em 1973, saí da minha ilha Graciosa para estudar (no Liceu Nacional de Angra do Heroísmo) na vizinha ilha Terceira, com apenas 13 anos de idade levávamos, só na viagem, no mínimo quatro horas. Nessa altura nem se sonhava que um dia o avião também voaria para esta pequena ilha da nossa região.
    Passar de uma viagem de quatro horas (quase sempre enjoado pelos balanços que o mar provocava)
para uma de vinte minutos, de avião, era como ter adormecido no cabo das tormentas e acordado no paraíso. Talvez também por isso a minha geração e as que me antecederam valorizamos tanto o bem que temos sem nunca deixar de lutar pelo melhor que queremos para os nossos filhos.
     Vem isto a propósito da primeira frase que escrevi no início deste texto e que muitas vezes ouvi, directamente para mim e outras tantas para amigos meus e que foi proferida pelo senhor Luís Bretão.
    Poucos poderão imaginar o que era chegar ao aeroporto das Lajes em lista de espera e ter presente na memória as tristes quatro horas de viagem no velho “Ponta Delgada”, e era quase sempre nessas alturas que todos queríamos falar com o senhor Luís Bretão, por ele, julgávamos nós e hoje tenho a certeza, sentir a nossa agonia, compreender a nossa ansiedade, percebia a vontade grande que tínhamos de ver a nossa família e era o tal senhor que, sempre a andar depressa, resolvia, quase sempre, a nossa situação depois de nos ter dito: “Ó rapaz esse problema vai-se resolver”.
    Passados vários anos assumi funções públicas, nomeadamente autárquicas e, nestas funções, há sempre quem nos aconselhe a ver só os partidos, outros apenas e só os seus interesses, outros ainda só o seu bem-estar ignorando o seu semelhante, enfim vemos e ouvimos de tudo, ficando algumas vezes baralhado quanto á melhor decisão a tomar para o bem de todos.
    Foi também durante este tempo que, por diversas vezes, falei com o senhor Luís e sempre senti nele um grande apoio e acima de tudo uma grande convicção na defesa daquilo que é o bem, de forma particular no que á cultura, desporto e tradições populares diz respeito e daí muitas vezes ter ouvido a frase: “José defende sempre a tua terra defende sempre o teu povo e a sua cultura”.
    Por estes dois factos se vê que os outros estão sempre primeiro, na mente do meu amigo. Obrigado senhor Luís por, sem ser professor, tanto me ter ensinado e, com o seu exemplo, fazer com que eu o queira imitar.
    Não sei porquê mas gosta-se do senhor Luís Bretão porque se gosta e não há grandes explicações para isso.
    Sei que não tenho capacidades literárias, nem sabedoria para que me permitam transcrever em papel os sentimentos de respeito, consideração, admiração e grande amizade que nutro pelo senhor LUIS BRETÃO, mas foi uma grande honra partilhar com todos o bem que sempre senti vindo da parte deste grande homem de quem falamos.

José Ramos de Aguiar-Santa Cruz da Graciosa, Março de 2014


Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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