Ilha Terceira
Artur Cunha de Oliveira
Luís Bretão não é pessoa de quem se possa dizer seja o que for que colha
logo a atenção das gentes e satisfaça o invejoso diabinho que há em todos nós e
se pela por um qualquer escândalo ou prato de lentilhas da maledicência.
Não. E isto, só porque não tem defeitos de encher o olho e de que se lhe diga.
Antes pelo contrário. As suas qualidades humanas são tais e tantas que o não
podemos definir por uma só. O serviço ao outro? Mas quem melhor que o Luís
Bretão sempre serviu e esteve pronto a servir o outro, desde os seus tempos de
juventude como nos do exercício de uma profissão proporcionadora de mil
contactos pessoais? O divertimento? Mas haverá por aí pessoa mais divertida e
alegre (mesmo na enfermidade) que o Luís Bretão? O convívio? Ora bem, aqui paro
eu para lhe render o maior preito.
Como se sabe, por acidente vascular ou outro, não importa, há anos que o
Luís Bretão ficou diminuído fisicamente, teve de abandonar a profissão e
reter-se em casa. Mas abandonar o convívio? Deixar de estar em contacto permanente
com as pessoas? Isso seria retirar-lhe o fôlego que o mantém socialmente vivo.
Lembro apenas esse autêntico fenómeno de convivialidade que é a “Quinta-feira
de S. Carlos”. Não sabem o que é? Venham ver. A ninguém, nesse dia, Luís Bretão
e a Mulher, a Luísa, a quem ele tanto deve, e nós com ele, fecha a porta da sua
casa. Antes pelo contrário, tem-na aberta, e a mesa posta, para quem quer que
apareça. Vejam lá: não é isto o supremo da convivialidade?
Não há dúvida: Luís Bretão é o perfeito protótipo do Terceirense:
serviçal, divertido, convivial.
Artur Cunha de Oliveira-Angra do Heroísmo, 20.03.2014
Nota: O autor recusa-se a observar o Acordo Ortográfico de 1990
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