DUELO
Em outros tempos, o bate-boca entre os ministros Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso só poderia terminar de um jeito: num duelo. Pistola ou espada, à escolha do ofendido. Ou, no caso, do mais ofendido. Em outros tempos, lavava-se a honra com sangue, mesmo que, muitas vezes, o sangue detergente fosse só de um arranhão. A Historia está cheias de duelos dos dois tipos, os que terminavam em morte e os que terminavam em empate – com os dois vivos ou os dois mortos.
Alexander Hamilton, um dos chamados pais da pátria americana, morreu num duelo com Aaaron Bur, terceiro vice presidente dos Estados Unidos na administração de Thomas Jefferson. O poeta russo Alexandre Pushkin morreu num duelo com o marido enganado da sua amante. Já Salvador Allende e seu desafeto politico Raul Rettig sobreviveram a um duelo sem sangue, e o ultimo duelo realizado em Portugal, em 1925, teve um morto – de síncope, dias depois.
Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso não poderiam confiar na própria pontaria ou destreza com a espada, ou na pontaria ou destreza com a espada do adversário, e escolher o tipo de duelo que lhes conviria. Mas só motrarem-se dispostos a arriscar a morte para defender sua honra os redimiria – e redimiria o Supremo -aos olhos da Nação.
E pensemos no espetáculo inédito. Praça dos Três Poderes. Primeiras horas de uma manhã brumosa. Chegam os duelistas, acompanhados dos seus padrinhos. A ministra Carmem Lucia oferece a possibilidade de conciliação. Nem Gilmar nem Luiz Roberto aceitam. Gilmar declara a extensão da sua revolta:
- Psicopata, não!
São definidas as regras do duelo. Escolheram espadas. Luiz Roberto insiste que Gilmar seja revistado, para prevenir um punhal escondido.
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