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quarta-feira, 8 de maio de 2019

Da escritora Graziela Veiga - SEMPRE QUE FICO TRISTE...



SEMPRE QUE FICO TRISTE...

Sempre que fico triste, tento recordar-me de tudo o que me faz feliz. E os motivos são tantos, que logo a tristeza dá lugar à alegria e aos pensamentos positivos. 


Lembro-me dos meus antepassados, o quanto representam para mim. Todos e cada um em especial. No entanto, há uma pessoa relevante, a minha querida mãe. 

Uma mulher linda, com um sorriso lindo, olhar brilhante e penetrante. Bonita por dentro e pro fora. 

Por muito mal que me sinta, penso nela, em tudo o que ela foi, o quanto ela amou e ultrapassou os problemas com uma calma invejável. Logo, encontro forças e ânimo para continuar...pois a vida faz-se de acontecimentos, de momentos, de lugares, de cheiros, mas sobretudo, de amor. Esse ainda é o lado melhor da vida. Nada no mundo se consegue sem amor. Amor às pessoas, ao trabalho, à natureza, a tudo o que nos rodeia. 

E penso! A vida é tão curta para estar aborrecida por algo que não tem a mínima importância. Porquê dar importância ao que eu não consigo controlar, resolver, se só me traz constrangimento e fico impotente perante alguma coisa que me incomoda e me ultrapassa. 

Então, paro e penso! Deixo-me levar pelos pensamentos que me transportam a tudo o que me traz boas lembranças. 

Gosto de regredir à minha infância. Será sempre o meu porto de abrigo, a minha base, o sítio que me traz felicidade. 

Passados que são estes anos, sei que me faltou muita coisa, mas não me faltou o essencial, o amor da minha família. E isso foi fundamental para o meu desenvolvimento. 

Passei por altos e baixos. Tive problemas graves de saúde, mas tive a melhor das enfermeiras para cuidar de mim, a minha mãe. A única que nunca me faltou em momento algum, quer fosse de alegria, desânimo, esteve sempre ao meu lado. 

Aquando a sua partida, senti uma enorme revolta, pois foi como se me tirassem tudo...mas depressa compreendi que Deus a teria levado porque na Sua Majestosa Sabedoria, tinha a certeza que a missão da minha mãe na Terra estava cumprida. 

Chorei muito!!! Choro a sua morte até hoje...mas sinto um enorme orgulho por ser filha daquela Mulher! 

Por vezes, dizem que eu sou parecida com a minha mãe! Essa analogia deixa-me feliz, mas ao mesmo tempo, fico a reflectir e chego à conclusão que apenas sou uma pequena sombra de tudo quanto foi a minha mãe. 

Uma Grande Mulher! Uma guerreira, sempre pronta e enfrentar a vida de forma sublime, sem se dar por vencida perante os obstáculos que lhe eram colocados, e foram tantos...

Apesar de todo o sofrimento, a minha mãe sempre foi uma mulher de ânimo e esperança. Embora, soubesse que a doença pela qual sofria acabaria por levá-la, nunca desistiu. Trabalhou até ao dia de falecer. 

Fui a última a estar com ela, antes da sua morte. Ainda hoje, guardo essa lembrança, tão amarga, mas ao mesmo tempo tão doce. A minha mãe, reconhecendo que estava a perder as faculdades mentais, procurou a minha mão, apertou-a com todas as forças que lhe restavam e largou-a como se me dissesse - vou partir, adeus! Senti essa despedida no gesto e no olhar. E depois, foi um nunca mais pronunciar uma palavra. O fim aproximava-se a passos largos. 

Nesta mistura de sentimentos, de perda, de lembranças, faço cada dia da minha vida, o meu modo de ser e de estar. 

Tive a Melhor Mãe do Mundo! E por isso, sempre que a recordar, quero fazer das palavras que ela proferia e guardo no meu coração, o protótipo da minha vida. Uma vida de amor e serviço, dedicada aos outros. Por isso, tantos foram o que choraram e sentiram a morte da minha mãe! 

Mãe, continuas viva dentro de mim!!!

06-05-2019

Graziela Rocha Veiga


Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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