SEMPRE QUE FICO
TRISTE...
Sempre que fico triste, tento recordar-me de tudo o que me faz
feliz. E os motivos são tantos, que logo a tristeza dá lugar à alegria e aos
pensamentos positivos.
Lembro-me dos meus antepassados, o quanto representam para mim. Todos e cada um
em especial. No entanto, há uma pessoa relevante, a minha querida mãe.
Uma mulher linda, com um sorriso lindo, olhar brilhante e penetrante. Bonita
por dentro e pro fora.
Por muito mal que me sinta, penso nela, em tudo o que ela foi, o quanto ela
amou e ultrapassou os problemas com uma calma invejável. Logo, encontro forças
e ânimo para continuar...pois a vida faz-se de acontecimentos, de momentos, de
lugares, de cheiros, mas sobretudo, de amor. Esse ainda é o lado melhor da
vida. Nada no mundo se consegue sem amor. Amor às pessoas, ao trabalho, à
natureza, a tudo o que nos rodeia.
E penso! A vida é tão curta para estar aborrecida por algo que não tem a mínima
importância. Porquê dar importância ao que eu não consigo controlar, resolver,
se só me traz constrangimento e fico impotente perante alguma coisa que me
incomoda e me ultrapassa.
Então, paro e penso! Deixo-me levar pelos pensamentos que me transportam a tudo
o que me traz boas lembranças.
Gosto de regredir à minha infância. Será sempre o meu porto de abrigo, a minha
base, o sítio que me traz felicidade.
Passados que são estes anos, sei que me faltou muita coisa, mas não me faltou o
essencial, o amor da minha família. E isso foi fundamental para o meu
desenvolvimento.
Passei por altos e baixos. Tive problemas graves de saúde, mas tive a melhor
das enfermeiras para cuidar de mim, a minha mãe. A única que nunca me faltou em
momento algum, quer fosse de alegria, desânimo, esteve sempre ao meu
lado.
Aquando a sua partida, senti uma enorme revolta, pois foi como se me tirassem
tudo...mas depressa compreendi que Deus a teria levado porque na Sua Majestosa
Sabedoria, tinha a certeza que a missão da minha mãe na Terra estava
cumprida.
Chorei muito!!! Choro a sua morte até hoje...mas sinto um enorme orgulho por
ser filha daquela Mulher!
Por vezes, dizem que eu sou parecida com a minha mãe! Essa analogia deixa-me
feliz, mas ao mesmo tempo, fico a reflectir e chego à conclusão que apenas sou
uma pequena sombra de tudo quanto foi a minha mãe.
Uma Grande Mulher! Uma guerreira, sempre pronta e enfrentar a vida de forma
sublime, sem se dar por vencida perante os obstáculos que lhe eram colocados, e
foram tantos...
Apesar de todo o sofrimento, a minha mãe sempre foi uma mulher de ânimo e esperança.
Embora, soubesse que a doença pela qual sofria acabaria por levá-la, nunca
desistiu. Trabalhou até ao dia de falecer.
Fui a última a estar com ela, antes da sua morte. Ainda hoje, guardo essa
lembrança, tão amarga, mas ao mesmo tempo tão doce. A minha mãe, reconhecendo
que estava a perder as faculdades mentais, procurou a minha mão, apertou-a com
todas as forças que lhe restavam e largou-a como se me dissesse - vou partir,
adeus! Senti essa despedida no gesto e no olhar. E depois, foi um nunca mais pronunciar
uma palavra. O fim aproximava-se a passos largos.
Nesta mistura de sentimentos, de perda, de lembranças, faço cada dia da minha
vida, o meu modo de ser e de estar.
Tive a Melhor Mãe do Mundo! E por isso, sempre que a recordar, quero fazer das palavras
que ela proferia e guardo no meu coração, o protótipo da minha vida. Uma vida
de amor e serviço, dedicada aos outros. Por isso, tantos foram o que choraram e
sentiram a morte da minha mãe!
Mãe, continuas viva dentro de mim!!!
06-05-2019
Graziela Rocha Veiga

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