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Caravela e... Os Caravelas
Inovações são sempre inovações. Naquele tempo de outrora,
quando surgia algo novo, insignificante que fosse, era um motivo de alegria,
misturada com a festa da praxe. Hoje, por exemplo, e falo em relação à
juventude, será diferente, atendendo ao fato que existem muito divertimento e
claro está a internet veio ocupar grande parte do tempo. Não só para os jovens,
mas também para os adultos e inclusivamente para a terceira idade, da qual me
prezo de pertencer (tenho 68 em outubro passo para 70. Dá para entender...). O
meu espírito continua e a memória também. Há dias um amigo meu do Canadá (João
Maia), leitor das minhas crónicas, dizia-me: “liguei para o Luís Bretão e ele
disse-me que a tua memória ultrapassa a escala do limite”. Nunca a medi, mas
posso garantir que ainda hoje funciona em pleno. E basta confrontar o que já
escrevi em A União no espaço 26 meses. São quase 220 crónicas (claro porque
tenho duas edições por semana), ciclo (o novo ciclo) que teve o seu início em
10 de maio de 2010. Portanto, e vai mais uma de memória, mas esta com uma
feitura de “caravela”. As velas, essas, passam pelo teclado do computador.
Já referi bastas vezes que, com muito orgulho, fui nado e criado no Corpo
Santo, Bairro Oriental da cidade de Angra do Heroísmo. O bairro que foi um
viveiro de jogadores e que, também, nas noites cálidas de cada verão, era um
chamariz para a sua população e angrenses (nomeadamente) vindos de outras freguesias
limítrofes, isto em função das verbenas que o Marítimo organizava aos sábados.
O Corpo Santo, que tinha várias mercearias: o José Pires (depois trespassou
para Anibal Vaz), Manuel Basílio, Joaquim “maricas”, Raminha e Vieira. Era um
movimento bonito de mercearia em mercearia. O Vieira registava maior afluxo
quando apareciam os cromos da bola, cujo revendedor era o próprio genro, um
continental “personna grata”.
Mas, de repente, Fernando Simões, irmão do enfermeiro Francisco Simões, abriu
uma pastelaria a qual recebeu o nome de Caravela, de reduzida dimensão, mas
bonita, com toda a higiene exigida para um estabelecimento do género. Era, de
fato, o estabelecimento-modelo do bairro, apesar da sua pequenez. E com o
decorrer do tempo, o Fernando passou a ser conhecido por Caravela, idem os
filhos, Guilherme e Fernando Jorge. E porque a Caravela continuou sempre
“à-vela”, também englobou os netos, os bons amigos Roberto Simões e Paulo
Simões, este último atual diretor do Açoriano Oriental. Todos são conhecidos por
Caravela. E os filhos destes, bisnetos do velho Fernando Simões?. Talvez não,
ou quem sabe se apanharam com o que resta da Caravela?
Curiosamente, quando fui à Terceira em 2010 e almocei no Clube de Golfe, o
Fernando Jorge, como sempre, lá estava a jogar. Ele que adora golfe. Meu irmão,
que estava comigo, a dado momento disse-me: “já viste ali o Caravela?”
Pois é... Já se passaram mais de 50 anos e a Caravela continua a navegar. É
obra
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