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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Da escritora Graziela Veiga - SE VOLTASSE ATRÁS...


 SE VOLTASSE ATRÁS...

Se fosse possível voltar atrás, há poucas coisas que repetiria...porém, há uma que nunca tive dúvidas, o nascimento da Inês. 

Depois, o facto de ter estudado, sinto um enorme orgulho por isso, por todas as vicissitudes que passei e pela força de vencer e, ter conseguido ultrapassar tantos e tantos obstáculos. 

Orgulho-me ainda, dos meus pais, de uma forma muito especial, da minha mãe. Uma mulher fora de série, espectacular, daquelas que muito raramente se encontram. 

Orgulho-me dos meus irmãos, apesar dos defeitos, dos amigos, aqueles que o são de verdade,  aqueles que me aceitam, que me compreendem, embora não estejam fisicamente presentes a todas as horas, sempre estiveram nas mais importantes, naquelas que me senti só. 

Arrependo-me de certas pessoas que conheci, no entanto, foram  uma aprendizagem para a vida, a fim de não cometer os mesmos erros, pois tiro sempre ilações das situações que me acontecem, boas ou más. Aprendi que tenho de estar mais atenta, mais alerta, de forma a não cair no precipício. É que em nome da amizade, acontece o inesperado. Mas depois de estarmos no fundo do poço, esses que se diziam nossos amigos, desaparecem e de tanto que nos pareceram sinceros, presentes, tornaram-se distantes, frios, sem um pingo de sentimento sequer, nem tão pouco agradecidos por algum dia nos terem conhecido. 

Arrependo-me de não ter continuado os meus estudos, o que eu mais gostaria de ter feito na vida. No entanto, mediante as minhas possibilidades, faço-o sempre que posso. Gosto de aprender cada dia mais, descobrir o porquê das coisas. Aprendo a relativizar, a dissecar cada acontecimento, assim, consigo encontrar respostas, mormente  para o que aparentemente não tem resposta. 

Se voltasse atrás, teria evitado algum sofrimento desnecessário, que em nada abonou a minha vida, a não ser, acrescentar um travo amargo de decepção e dor. 

A vida é feita de escolhas. E nós somos, em parte, fruto das escolhas que fazemos. Eu tenho que ser dona da minha vontade, e escolher o que à priori será o melhor para mim em detrimento das paixões efémeras, que depressa se esfumaçam, pois tudo não passa de uma ilusão. Toda a paixão é um estado ténue, um curto espaço entre a genialidade e a loucura. 

Se eu voltasse atrás, decerto, não estaria neste momento a escrever no meu Facebook, estaria algures, quiçá, fora do país, a perseguir o meu sonho, pois a vida é feita de sonhos, uns realizáveis, outros não. Mas o meu sonho teria sido realizável, se os condicionantes tivessem assim permitido. 

Se eu voltasse atrás, mudaria quase tudo na minha vida... nunca a pessoa que sou, pois gosto de ser quem sou, sem ser narcisista, com defeitos e qualidades, mas com uma grande capacidade de amar, mesmo aqueles que algum dia me fizeram mal, ou me prejudicaram. 

Orgulho-me de não ser odiosa ou usar de vingança, porém, embora seja incrédula a muitas coisas e pessoas, por vezes, sou ingénua, ao ponto de acreditar que o ser humano é sempre melhor do que me tem demonstrado, a maioria das vezes. 

Apesar de tudo, ainda acredito no ser humano e no carácter de algumas pessoas. Elas existem! 

29.10.2018

Graziela Veiga

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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