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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Do jornal A União



O marido e o filho eram  fervorosos lusitanistas

(Na foto representada pela sua neta a excelente escritora Isabel Silva, cujo pai (RIP) sempre foi meu amigo)

Como eu digo sempre, tiradinhos do forno, tenho sempre artigos preparados para seguirem nessa sequência semanal (segunda e sexta-feira), mas, por vezes, e dentro do que as circunstâncias o permitem, preparo outra fornada para seguir de imediato, critério que é fácil porque, como se sabe, não tenho
concorrência, mau grado o fato de considerá-la bastante salutar. Sempre pensei desta forma quando estava no jornalismo a cem por cento. E quando essa mesma concorrência não surgia dos outros lados, eu próprio criava uma do foro interno, a brincar, a brincar, mas sempre com o objetivo de se fazer mais e melhor. Até glosava, sem desprimor, com esta frase: “cuidado com o inimigo”.

Nesta quarta-feira em que aguardava pelo jogo do Porto – Apoel (na véspera optei pelo Real Madrid em detrimento do Benfica, porque nunca tive dúvidas da vitória dos encarnados na Suíça), e ter umas horas antes colocado no forno outro artigo relacionado com uma história passada na minha primeira viagem à Alemanha (mete um pouco de John Lennon), artigo esse que juntei aos que estão para seguir até à redação de A União, voltei a entrar na edição do nosso jornal desse mesmo dia 19 e chamou-me desde logo a atenção a reportagem em torno da D. Maria Augusta Silva Teixeira que completou 104 anos. Uma história de vida da qual conheci um pouco, tendo em linha de conta que o seu falecido marido e o filho Eduardo que sempre foi um velho amigo deste escriba. Mas, na verdade, a ligação ao Eduardo José Coelho (filho) é interessante, tratando-se de uma pessoa que fez parte do bairro onde eu também fui nado e criado, ou seja, o Corpo Santo, Bairro Oriental da Cidade de Angra do Heroísmo. Considero uma das pessoas mais bondosas que conheci neste meu percurso. Eduardo José Coelho primo dos Coelhos que foram futebolistas e depois árbitros de futebol - conhecidos por bananas, Jorge, Joaquim, João, Hélder, e, também, o falecido Luís Manuel Linhares Coelho, vulgarmente conhecido por Airosa. Eduardo José Coelho que, profissionalmente falando, foi durante muitos anos motorista da Empresa de Viação Terceirense. Digamos uma figura carismática. Depois de aposentar, ainda serviu o Lusitânia na condução das suas viaturas para os treinos, jogos, viagens ao aeroporto, etc. No clube, ainda convivemos algum tempo até ao momento em que decidiu não continuar, tendo sido substituído por outro grande amigo, na circunstância Humberto Câmara, o popular Marroco. Duas pessoas que sempre respeitei. Aliás, um respeito recíproco.

Diz a D. Maria Augusta Silva Teixeira que, em relação ao seu marido, foi um amor de 70 anos e que hoje prolonga no afeto que dá aos filhos, netos, bisnetos e trinetos. Ela que casou aos 20 anos com Eduardo José Coelho. Conhecendo bem o Eduardo, estou mesmo a ver a sua ousadia no dia em que lhe deu umas palavras. De fato, e por outro lado, não conhecia a história do Eduardo ter ido a casa dos pais da D. Maria Augusta montado a cavalo, com o objetivo de pedir autorização para falar à janela com a filha. E se fosse hoje, grande Eduardo? Qual janela, qual carapuça, era porta aberta e já dentro de casa. Verdade, tudo mudou.
O que mais me impressionou neste depoimento da D. Maria Augusta incide na sua postura em vestir-se de preto para sempre. Por alma do amor da sua vida e da perda de tantos entes queridos. Mas ela ainda continua entre nós com os seus 104 anos de idade. Diz ela que se sente cansada de tanto viver. Uma expressão de puro sentimento. Mas como ela também diz “Deus Nosso Senhor é que decide quando devemos partir ao Seu encontro”. O Eduardo José Coelho já lá está à espera da esposa centenária e demais familiares, não esquecendo os muitos amigos que sempre estiveram ao seu lado, eu incluído nesse grupo. E ainda antes de falecer (1998), passou pelo Lusitânia e convidou-me para ir tomar “meia bola” na Casa Leão. Foi a última vez que estivemos juntos. Hoje, longe da nossa terra, voltei a estar junto com a PAZ DE ALMA, o querido companheiro e amigo, Eduardo José Coelho.   
Para a D. Maria Augusta Silva Teixeira, o meu grande abraço e simultaneamente os meus parabéns pelos seus 104 anos de existência. Uma grande lição de vida que A União trouxe à estampa e da qual aproveitei a boleia (no Brasil diz-se carona) para recordar os dois Eduardos.





Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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