O marido e o filho eram fervorosos
lusitanistas
(Na foto representada pela sua neta a excelente escritora Isabel Silva, cujo pai (RIP) sempre foi meu amigo)
Como eu digo sempre, tiradinhos do forno, tenho sempre
artigos preparados para seguirem nessa sequência semanal (segunda e
sexta-feira), mas, por vezes, e dentro do que as circunstâncias o permitem,
preparo outra fornada para seguir de imediato, critério que é fácil porque,
como se sabe, não tenho
concorrência, mau grado o fato de considerá-la bastante salutar. Sempre pensei desta forma quando estava no jornalismo a cem por cento. E quando essa mesma concorrência não surgia dos outros lados, eu próprio criava uma do foro interno, a brincar, a brincar, mas sempre com o objetivo de se fazer mais e melhor. Até glosava, sem desprimor, com esta frase: “cuidado com o inimigo”.
concorrência, mau grado o fato de considerá-la bastante salutar. Sempre pensei desta forma quando estava no jornalismo a cem por cento. E quando essa mesma concorrência não surgia dos outros lados, eu próprio criava uma do foro interno, a brincar, a brincar, mas sempre com o objetivo de se fazer mais e melhor. Até glosava, sem desprimor, com esta frase: “cuidado com o inimigo”.
Nesta quarta-feira em que aguardava pelo jogo do Porto – Apoel (na véspera
optei pelo Real Madrid em detrimento do Benfica, porque nunca tive dúvidas da
vitória dos encarnados na Suíça), e ter umas horas antes colocado no forno
outro artigo relacionado com uma história passada na minha primeira viagem à
Alemanha (mete um pouco de John Lennon), artigo esse que juntei aos que estão
para seguir até à redação de A União, voltei a entrar na edição do nosso jornal
desse mesmo dia 19 e chamou-me desde logo a atenção a reportagem em torno da D.
Maria Augusta Silva Teixeira que completou 104 anos. Uma história de vida da
qual conheci um pouco, tendo em linha de conta que o seu falecido marido e o filho Eduardo que sempre
foi um velho amigo deste escriba. Mas, na verdade, a ligação ao Eduardo José
Coelho (filho) é interessante, tratando-se de uma pessoa que fez parte do bairro onde
eu também fui nado e criado, ou seja, o Corpo Santo, Bairro Oriental da Cidade
de Angra do Heroísmo. Considero uma das pessoas mais bondosas que conheci
neste meu percurso. Eduardo José Coelho primo dos Coelhos que foram
futebolistas e depois árbitros de futebol - conhecidos por bananas, Jorge,
Joaquim, João, Hélder, e, também, o falecido Luís Manuel Linhares Coelho,
vulgarmente conhecido por Airosa. Eduardo José Coelho que, profissionalmente
falando, foi durante muitos anos motorista da Empresa de Viação Terceirense.
Digamos uma figura carismática. Depois de aposentar, ainda serviu o Lusitânia
na condução das suas viaturas para os treinos, jogos, viagens ao aeroporto,
etc. No clube, ainda convivemos algum tempo até ao momento em que decidiu não
continuar, tendo sido substituído por outro grande amigo, na circunstância
Humberto Câmara, o popular Marroco. Duas pessoas que sempre respeitei. Aliás,
um respeito recíproco.
Diz a D. Maria Augusta Silva Teixeira que, em relação ao seu marido, foi um amor de 70 anos e que hoje
prolonga no afeto que dá aos filhos, netos, bisnetos e trinetos. Ela que casou
aos 20 anos com Eduardo José Coelho. Conhecendo bem o Eduardo, estou mesmo a
ver a sua ousadia no dia em que lhe deu umas palavras. De fato, e por outro
lado, não conhecia a história do Eduardo ter ido a casa dos pais da D. Maria
Augusta montado a cavalo, com o objetivo de pedir autorização para falar à
janela com a filha. E se fosse hoje, grande Eduardo? Qual janela, qual
carapuça, era porta aberta e já dentro de casa. Verdade, tudo mudou.
O que mais me impressionou neste depoimento da D. Maria Augusta incide na sua
postura em vestir-se de preto para sempre. Por alma do amor da sua vida e da
perda de tantos entes queridos. Mas ela ainda continua entre nós com os seus
104 anos de idade. Diz ela que se sente cansada de tanto viver. Uma expressão
de puro sentimento. Mas como ela também diz “Deus Nosso Senhor é que decide
quando devemos partir ao Seu encontro”. O Eduardo José Coelho já lá está à
espera da esposa centenária e demais familiares, não esquecendo os muitos
amigos que sempre estiveram ao seu lado, eu incluído nesse grupo. E ainda antes
de falecer (1998), passou pelo Lusitânia e convidou-me para ir tomar “meia
bola” na Casa Leão. Foi a última vez que estivemos juntos. Hoje, longe da nossa
terra, voltei a estar junto com a PAZ DE ALMA, o querido companheiro e amigo,
Eduardo José Coelho.
Para a D. Maria Augusta Silva Teixeira, o meu grande abraço e simultaneamente
os meus parabéns pelos seus 104 anos de existência. Uma grande lição de vida
que A União trouxe à estampa e da qual aproveitei a boleia (no Brasil diz-se
carona) para recordar os dois Eduardos.
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