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quarta-feira, 22 de julho de 2020

De António Bulcão - Chuchalista 2020

Chuchalista 2020

Divulgada que foi a lista de candidatos pela Terceira às próximas eleições legislativas regionais, apresentada pelo PS, algumas conclusões se podem tirar.
1ª conclusão – Há candidatos crónicos, que se vão eternizando nas listas, verdadeiros políticos profissionais: Sérgio Ávila, Berto Messias e Francisco Coelho. Aos anos que andam nisto… E não querem largar o osso por nada. Independentemente do conforto que o partido lhes proporciona, gostaria de saber quantos votos é que cada um destes cidadãos tem, na realidade. Se serão tão conhecidos e queridos como pensam. Ou se apenas vão sobrevivendo politicamente porque candidatos por um partido que se transformou no dono disto tudo…
2ª conclusão – Tiago Lopes vai em segundo porque o PS acredita que vai render muitos votos, à conta do papel que assumiu face à Covid19. E assim até poderá ser, embora eu pense que um bom director regional não tem necessariamente de dar um bom deputado. Toda a gente se lembra que louvei, nestas mesmas páginas, a forma como Tiago Lopes se tem portado nestes tempos de pandemia. Não retiro uma palavra. Mas, assumindo agora uma dimensão política, acho que começa mal. Há poucos dias, em entrevista dada ao DI, e questionado sobre se estaria interessado em seguir uma carreira política, Tiago Lopes afirmou: “Não está no meu horizonte. Sinceramente”. Porquê tal resposta? Bastava dizer que sim. Tem toda a legitimidade para o querer. Ou podia chutar para canto, como fazem muitos políticos, com uma resposta do tipo “vamos a ver, o futuro a Deus pertence…”. Mas não. Afirmou não estar no seu horizonte. E acentuou com um sinceramente. Tiago Lopes sabe, de certeza, o que quer dizer horizonte e sinceridade. Começa, então, a sua carreira política da pior maneira. Dizendo o contrário do que pensa e sente. À boa maneira dos políticos. Tenho pena…
3ª conclusão – Andreia Cardoso, surge em 3º lugar da lista. Sabe Andreia e sabe o público em geral o que penso dela. Já o escrevi e publiquei antes. Séria, trabalhadora, preparada academicamente. Mantém-se pela sua competência, não pela oferta de eletrodomésticos. Acredito que cansada destas lides, desejosa de voltar à sua vida profissional. Mas aceita continuar pelo bem público que poderá proporcionar. Bem hajas, minha antiga aluna e querida amiga. Nem sabes o que me custa ver-te caldeada com esta pandilha…
4ª conclusão – Continuará a dança da saída dos primeiros da lista para o Governo. Sérgio Ávila persistirá em querer vice-presidir. Tiago Lopes, para alterar em poucos dias o horizonte e a sinceridade, é quase de certeza porque lhe foi assegurado um cargo governamental. Andreia Cardoso será mais útil como secretária regional do que como deputada. E Berto Messias não quererá descer do pedestal onde (vá-se lá saber por quê) o trancaram.
Ora, “metendo” geralmente o PS seis deputados na Assembleia, o primeiro realmente efectivo da lista que tomará assento no órgão máximo da Autonomia, e representará o povo terceirense, será Rodolfo Franca. Meu amigo e estimado colega como professor, não lhe conheço os dotes de oratória, mas concedo-lhe o benefício da dúvida. A não ser que lhe tenha sido prometido um cargo governamental na área da Educação…
Se assim for, já serão os primeiros cinco a “sair” da Assembleia para o Executivo.
E a primeira real da lista passará a ser Isabel Quinto, actualmente deputada. Nos últimos 4 anos, não reparei na sua existência. Mas é educadora de infância, o que dará sempre jeito, para lidar com alguns dos outros membros da lista… Pulso nas crianças, Isabel!
O segundo (na prática o primeiro) passará a ser Francisco Coelho. Afastada está, assim, a indignidade de ser sétimo formal na lista. Um homem que já foi secretário regional em duas pastas e Presidente da ALRAA, em sétimo? Que heresia…
Em terceiro e quarto lugares tomarão assento Isabel Berbereia e Nuno Ribeiro. Não conheço qualquer deles, mas dou-lhes o mesmo benefício da dúvida que dou a Franca. Renovar é preciso. Mas que sejam mesmo renovadores, é o meu desejo…
Em quinto aparecerá António Toste. Seria uma injustiça se assim não fosse. Senhor de um discurso sólido e bem estruturado, com uma presença demolidora em plenário e indispensável na comissão de Economia, deixar fora um valor destes seria uma irresponsabilidade da parte do PS. Para além da ingratidão e do risco. Sem ele, talvez a Ribeirinha mudasse outra vez o seu sentido de voto…
Se apenas quatro forem para o Governo, as contas estão feitas. Se Franca for também, avançará para a Assembleia a primeira suplente, Emiliana Gaspar.
Falta transparência, neste processo dito democrático. Nada obriga a que um cidadão, para poder ser governante, tenha de ser eleito deputado. Pelo contrário, no nosso sistema parlamentar, o Povo vota apenas para eleger deputados. Que, depois, muitos deles não tomam assento na Assembleia. 
A Lei devia obrigar os partidos a apresentar listas de candidatos que, depois de eleitos, teriam de cumprir MESMO as funções para as quais se sujeitaram a sufrágio. Assim, como está, o Povo vê-se representado por quintas, sétimas, décimas escolhas. E há quem se queixe de a qualidade da Assembleia ir diminuindo progressivamente… O que não quer dizer que, se fossem obrigados a exercer o seu mandato os primeiros das listas, a qualidade da Assembleia subisse assim tanto… Mas, pelo menos, saberíamos em quem estávamos a votar.
António Bulcão
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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