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Nova biografia
revela que ao cantor não bastava o sucesso profissional ou com as mulheres. Ele
era tomado por um sentimento de abandono que o levou ao alcoolismo e a
tentativas de suicídio.
Aina Pinto
Aos 53 anos, saído de crises
existenciais e amores tumultuados, o cantor americano Frank Sinatra (1915-1998)
decidiu gravar a balada “My Way” – e fez dela a sua “canção assinatura”. A
letra fala de um homem envelhecido que
reflete sobre as escolhas que fez na vida, exatamente como Sinatra se via naquele momento. Ele se reerguia de sucessivas quedas, a mais grave delas acontecida em fevereiro de 1951, aos 35 anos. Seus discos já não vendiam tanto, em razão do nascente rock ‘n’ roll; seu desempenho no cinema era mediano. Numa tarde, ao passar pelos estúdios Paramount, Sinatra vê um grupo de garotas esperando ansiosas, não por ele, mas por outro astro. Ao se dar conta de que seu tempo passara, voltou para casa, colocou a cabeça no forno e abriu o gás. Foi encontrado no chão por seu empresário, Manie Sacks. Essa não foi a única vez que a angústia levaria um dos maiores cantores de todos os tempos a tentar dar fim à sua vida, de acordo com a biografia “Frank: A Voz” (Companhia das Letras), que tem lançamento no Brasil em abril.
reflete sobre as escolhas que fez na vida, exatamente como Sinatra se via naquele momento. Ele se reerguia de sucessivas quedas, a mais grave delas acontecida em fevereiro de 1951, aos 35 anos. Seus discos já não vendiam tanto, em razão do nascente rock ‘n’ roll; seu desempenho no cinema era mediano. Numa tarde, ao passar pelos estúdios Paramount, Sinatra vê um grupo de garotas esperando ansiosas, não por ele, mas por outro astro. Ao se dar conta de que seu tempo passara, voltou para casa, colocou a cabeça no forno e abriu o gás. Foi encontrado no chão por seu empresário, Manie Sacks. Essa não foi a única vez que a angústia levaria um dos maiores cantores de todos os tempos a tentar dar fim à sua vida, de acordo com a biografia “Frank: A Voz” (Companhia das Letras), que tem lançamento no Brasil em abril.
Escrito pelo jornalista americano James Kaplan, o livro tem 800 páginas e vai
do nascimento do cantor em 1915 ao ano de 1953, quando ele consegue dar a volta
por cima e ganhar o Oscar de ator coadjuvante por “A Um Passo da Eternidade”.
A biografia romanceada narra uma
trajetória repleta de festas e amarguras. É o retrato de um homem que, ao
cantar letras de amor e separação, se valia da melhor técnica vocal, sempre
amparada na emoção de sua experiência pessoal. Na visão de Kaplan, Sinatra não
sabia ficar sozinho, mas era incapaz de manter um relacionamento estável.
Seduzia as mulheres com sua vulnerabilidade, mas não se sentia bem consigo
mesmo – teve problemas desde a infância com cicatrizes que adquiriu no parto.
Durante seu nascimento a fórceps, o médico acidentalmente cortou o lado
esquerdo de seu rosto, deixando-o com uma marca profunda da boca à orelha que
foi mais tarde amenizada quando já podia pagar por cirurgias plásticas. Logo
que começou a fazer sucesso e assistia envaidecido às fãs desmaiarem na
plateia, Sinatra era nada mais que um rapaz de 20 e poucos anos, estatura
média, magricelo e com o rosto coberto por marcas de acne.
A voz quente e os olhos azuis, no
entanto, agiam a seu favor. Havia também algo mais, que só as amantes
conheciam. O autor lembra o comentário indiscreto de Ava Gardner, sua segunda
mulher, sobre os dotes físicos do marido: “Eram apenas cinco quilos de Sinatra
e mais outros 50 quilos.”
A convivência com Ava não foi das
melhores. Nesse período, ele tentou mais uma vez o suicídio. O casal vivia
entre amantes, bebidas e remédios para dormir, o que refletia na vida
profissional. Valendo-se de sua posição de starlet, Ava implorou aos chefões da
Paramount para que ele tivesse um papel em “A Um Passo da Eternidade”. Disse
que Sinatra estava se sentindo abandonado pelo público. As noitadas serviam,
então, para afogar as mágoas. Depois dos shows, ainda cheio de adrenalina,
Sinatra saía para embalos regados a uísque, jogatina e muitas mulheres. Na
verdade, o sentimento constante de vazio existencial não vinha somente dos
fracassos na carreira e com as mulheres – esses é que eram consequência de sua
sensação de abandono e fragilidade emocional. Tanto é assim que já em fevereiro
de 1947, estava em Havana, em um quarto com 12 garotas de programa e
incontáveis litros de álcool, tudo bancado pela máfia italiana, com aval de
Lucky Luciano. Por isso, não foi encontrar Nancy, a sua mulher da época, em
Acapulco. Ao chegar, descobriu que ela tinha feito mais um aborto. Era uma
vingança pelas suas incontáveis traições. Essas tragédias, obviamente,
refletiam na sua carreira e são o motor da biografia.
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