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sexta-feira, 2 de março de 2018

Da poetisa-escritora Bernardete Cavalcanti


Restava - me uma esperança,

quando o envelope aqui chegou.
Apalpei - o suave e lentamente.
A letra era dele e o identificou!
Talvez fosse um cartão de presente,
que eu esperava e ele mandou
Porém, esta doce e infantil ilusão
mostrou - se cruel, amarga decepção!

Ao abri - lo, notei uma pena em tom acinzentado,
presa numa caixa de comida de passarinho.
Dentro, uma fita adesiva estava a prender
envoltos em algodão quadradinho,
meus brincos de pérola, um doce carinho!
Eu os dei a ele na nossa despedida,
supunha que a distância não abalaria a confiança,
que depositava neste amor eternizado!
Teu sorriso triste, não posso esquecer,
ao colocar essa prenda em tuas mãos frias.
Afinal, eu me considerava tua amada.
A prenda era para ser devolvida,
quando viesses aqui me visitar.
Foi apenas uma jura de amor que não se realizou!
Colocarias cada brinco em seu lugar
fazendo de mim tua mulher amada.
Com o envelope na mão e trêmula a chorar,
vi - me inundada por lágrima sentida
A devolução me fez sentir desnorteada
e vi que o amor pressuposto nunca existiu
Hoje, não posso e nem quero olhar
a prenda que com tanto agrado te ofereci.
Esse teu gélido e ingrato coração,
ficará para sempre, assim senti
com a culpa de teres me renegado.
Eu, a tola que nunca deixou de te amar!



Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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