Rota de Ítaca - Marcolino Candeias
.Mas se tenho de partir que de novo eu parta
é talvez bem melhor do que ficarem
meus pés no cais chumbados em argola
meus olhos no horizonte ao sonho a velejar.
Que eu parta. E assuma o risco de partir
fender a bruma sobre este coração cerrada
colher num bojador espinhos perfumados
partir e não saber em que angra fundear.
Largar amarras. Ir decifrando
quantos portulanos na vida houver a decifrar.
E se no fim faltar o cais para a chegada
o mar também é terra onde morar.
Marcolino Candeias, Na
Distância deste Tempo, 2002
Carlos Faria
Marcolino
Candeias, um jovem poeta “Gávea/Glacial”
A presença de Marcolino Candeias nestas páginas impõe-se de várias
formas: foi um protagonista contemporâneo do movimento “Glacial / Gávea” e
ofereceu, sem ter sido necessário pedir-lhe o favor, uma
colecção inteira de digitalizações preciosas da totalidade das
edições do suplemento “Glacial – a união das letras e das artes”, um dos
espaços fundamentais de representação literária da juventude do seu tempo, no
espaço geográfico aberto ao mundo que é o arquipélago do meio do mar.
Essa generosidade participativa proporciona a este trabalho internáutico um
verdadeiro salto qualitativo que todos os interessados irão apreciar
devidamente, e muito nos honra, ao Carlos Faria, ao Rogério Silva e a mim
mesmo, já para não falar na imensa e riquíssima lista dos participantes
interessados e admiradores desse momento da cultura em português universal que
foi “Gávea/Glacial”.
Não conhecendo pessoalmente Marcolino Candeias não me é possível, nem será
necessário, fazer a sua apresentação, pelos mais variados motivos. Primeiro
porque é por demais conhecido e depois porque, para fazer as honras da casa, há
por aqui quem possa fazê-las com plena legitimidade: o dono do lugar, o poeta
Carlos Faria.
Acrescento, pela legitimação que o texto de Emanuel Félix lhe confere como
legítimo e activo participante da “Geração Glacial”, o breve curriculum que
figura na contracapa do volume do livro de poemas que teve a gentileza de me
oferecer.
A nossa ferramenta de abertura é a apresentação de Marcolino Candeias, feita
por Carlos Faria no “Glacial” nº 64, de 13 de Maio de
1971, e um conjunto de outras parcelas de comunhão poética com o
protagonista/autor que se evoca, com a melhor admiração artística e toda a
merecida consideração:
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