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sábado, 17 de novembro de 2018

Homenagem ao escritor açoriano DANIEL DE SÁ


Daniel de Sá - mais um escritor com ligações a Santa Maria no Plano Regional de Leitura

Daniel de Sá nasceu na Maia, S. Miguel, a 2.3.1944. Viveu em Santa Maria de 1946 a 1959. Fez o Curso Geral dos Liceus até ao 4º ano no Externato de Santa Maria, e o 5º ano no Externato Ribeiragrandense. Curso do Magistério Primário (Escola do Magistério Primário de Ponta Delgada, 1960/1962). Lecionou de1962 a 1966, nos Fenais da Ajuda, cumprindo a seguir o serviço militar nas Caldas da Rainha, Tavira e Arrifes (S. Miguel). Depois de um ano como professor na escola do ensino básico da Maia, partiu para Espanha, onde fez o noviciado em Moncada, Valência, onde estudou Filosofia. Frequentou Teologia no Seminário Diocesano de Valência e na Faculdade de Teologia de Granada. Em finais de 1973 regressou a S. Miguel, passando pela escola do ensino básico de S. Brás. A partir do ano letivo de 1974/75 lecionou, até à aposentação, na escola da Maia.

Exerceu vários cargos públicos. Entre outros, foi Secretário Regional (equivalente a diretor regional) da Comunicação Social e Desporto, na Junta Regional dos Açores; deputado nas primeiras duas legislaturas da Assembleia Regional; vereador da Câmara Municipal da Ribeira Grande; e membro da Assembleia Municipal deste concelho.

É um dos escritores açorianos que com mais frequência escolhem cenários não açorianos para situar geográfica e socialmente as suas obras, se bem que raramente viaje para fora do arquipélago. Além disso, normalmente adapta a sua escrita aos tempos históricos e à cultura das personagens. A sua escrita, reveladora de vasta erudição, é muitas vezes ilustrada com histórias reais perspicazmente captadas na ilha, sobretudo na sua Maia.

Ganhou o prémio Nunes da Rosa, da Secretaria Regional de Educação e Cultura, com a novela Um Deus à Beira da Loucura, e foi por duas vezes vencedor do prémio Gaspar Frutuoso, de Literatura, da Câmara Municipal da Ribeira Grande. Primeiro comCrónica do Despovoamento das Ilhas e depois com A Terra Permitida.

O seu livro Ilha Grande Fechada, juntamente com outros de autores também açorianos, fez parte de uma tese de doutoramento sobre Literatura Açoriana e Emigração, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, de Porto Alegre. O mesmo romance serviu de tema para duas teses de mestrado naquela Universidade, merecendo, em ambos os casos, um elogio do próprio júri. Foi o criador dos Encontros de Escritores Açorianos, tendo organizado os primeiros três, que se realizaram na Maia. É colaborador da imprensa, sobretudo açoriana, desde 1964. Com frequência colabora em blogues publicando versos humorísticos com muita verve. Por vezes as suas colaborações surgem sob a forma de imitação intencional dos estilos de grandes escritores.

ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA (ENCICLOPÉDIA AÇORIANA)
OBRAS:

Génese (novela), edição da D.R.A.C. da Secretaria Regional de Educação e Cultura, Angra do Heroísmo, 1982: Durante a Guerra Civil espanhola, Don Francisco Calvera Ten, um padre da província de Valência, teme os Republicanos e não gosta dos Nacionalistas. E deu-lhe em duvidar do próprio Deus…

Sobre a Verdade das Coisas (crónicas-contos), edição da Junta de Freguesia da Maia, 1985: A vida rural de S. Miguel. A ficção ao serviço da realidade, a realidade ao serviço da ficção. Mas onde o real é bem mais forte do que o imaginário.

O Espólio (novela), edição Signo, Ponta Delgada, 1987: Se uma ilha dos Açores sofresse um ataque nuclear, que poderia resultar daí para a felicidade ou infelicidade do Mundo? Talvez nada mais do que o Prémio Pulitzer para a melhor reportagem sobre a tragédia.

A Longa Espera (contos), edição Signo, Ponta Delgada, 1987: E se o Natal fosse um homem vindo de longe, de onde os rios correm sempre, para se sentar diante de uma fonte seca, num sacrifício de implorar a chuva aos Céus e até à sua própria morte? E se o Natal fosse e não fosse o resto?…

Bartolomeu (teatro), edição da D.R.A.C. da Secretaria Regional da Educação e Cultura, Angra do Heroísmo, 1988: Um dos maiores navegadores portugueses de todos os tempos julga-se com direito de ir à Índia. Razões de Estado tiram-lhe esse privilégio em favor de Vasco da Gama, um capitão intransigente. O drama de Bartolomeu Dias, que o não mereceu.

Um Deus à Beira da Loucura (novela), edição da D.R.A.C. da Secretaria Regional da Educação e Cultura, Angra do Heroísmo, 1990: Se Cristo reencarnasse e fosse condenado a um campo de concentração nazi, resistiria melhor do que um prisioneiro ateu?

 Ilha Grande Fechada (romance), edição Salamandra, Lisboa, 1992: João peregrina à volta da ilha no cumprimento de uma promessa e na despedida da sua terra antes de emigrar para o Canadá. E acaba por compreender que "sair da ilha é a pior maneira de ficar nela".

A Criação do Tempo, do Bem e do Mal (ensaio), edição Salamandra, Lisboa, 1993: Uma visão agnóstica do Tempo. A justificação do Bem e do Mal, numa perspectiva teísta. Algumas questões mais difíceis da Doutrina e da Moral católicas, segundo a opinião de quem acredita em Cristo e na Sua Igreja, dita Universal, Apostólica e Romana, sem ter a certeza de que Ela seja infalível.

Crónica do Despovoamento das Ilhas (e Outras Cartas de El-Rei) (crónicas históricas), edição Salamandra, Lisboa, 1995: A vida nos primeiros tempos de haver gente nos Açores, ouvida dos velhos cronistas e contada com a ironia da ignorância e da suposta superioridade de ser homem do século XX.

E Deus Teve Medo de Ser Homem (novela), edição Salamandra, Lisboa, 1997: Vinte séculos de humanidade não ensinaram ao Homem a ser humano. O lobo de si mesmo continua tão pérfido como os crucificadores romanos.

As Duas Cruzes do Império – Memórias da Inquisição (romance), edição Salamandra, Lisboa, 1999: O absurdo da Inquisição foi praticar o mal em nome de Deus. O paradoxo do nosso século tem sido destruir milhões de homens e mulheres em nome da Humanidade.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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