DE JOÃO PESSOA (NORDESTE BRASILEIRO) PARA O BURUNDI
MEU TENENTE-CORONEL, ME DÁ LICENÇA?
Sempre tenho um carinho muito especial por todos os meus amigos e conterrâneos que dignificam, de forma brilhante, o nome da nossa terra, da nossa região açoriana, em suma do nosso país, visto que somosportugueses como todos os outros metropolitanos e não só.
Ora, hoje debruço-me sobre o Tenente-Coronel Jorge Silveira que, quando ainda muito jovem, foi meu vizinho na Rua de Oliveira. Ali moravamos. Naquela pequena ala da rua, de quem descia após passar a esquina onde funcionava a mercearia do senhor Fernando, a minha família, por baixo o José da Conceição (“o chicharro”), ao lado a família do Jorge Silveira, por baixo o José Maria do Ó (tragicamente falecido no Ultramar) e, por fim, a família do mestre Carlos Reis, pai do Carlos Alberto Reis, do Gil e do Valter (que também teve uma morte estúpida).
O Jorge Silveira acabaria por ser meu jogador no Lusitânia, quando assumi o cargo de treinador-adjunto do Mário Nunes. O Jorge e o irmão sempre bons amigos, aliás, como a restante família desde o avós aos pais. Recordo que, em A União, escrevi um artigo sobre o professor Armindo Silveira, pai do Jorge.
Nestas andanças do facebook, tive o privilégio de reencontrar o Jorge Silveira. E recuando um pouco no tempo, na minha última viagem ao New York onde fiz cobertura da Maratona, de Lisboa para a Terceira tive o Jorge Silveira como companheiro. Ele na ala direita do avião e eu na esquerda. Trocamos impressões e, inclusivamente, passei-lhe umas fotos que tinha trazido para publicação no jornal Diário Insular.
Mais tarde, quando visitei a Terceira estive com o seu irmão que me informou da presença do Jorge nas Nações Unidas, representando Portugal naquele importante órgão de soberania.
O Jorge Silveira deixou o serviço ativo no exército e passou à situação de Reserva em 2011 com a patente de Tenente-Coronel, após ter envergado a farda do exército português num período de 30 anos (1981-2011), tendo desempenhado as missões e responsabilidades atribuídas dentro do melhor, o que podia e sabia. Resolvei passar à Reserva basicamente por dois motivos:
1. – Questões de ordem familiares, uma vez que a esposa é americana e assim pretendia estar os livre para repartir o seu tempo entre os Estados Unidos e Portugal.
2. – Profissionalmente o congelamento que se verificou nas carreiras e desiludido com a direção que o exército que servia estava a tomar face às restrições impostas pelos decisores políticos.
3. ELE DIXIT:
Durante os 30 anos em que tive a honra e o privilégio de servir o meu (nosso) país e as nossas gentes tive a oportunidade de servir nas nossas guarnições internas incluíndo vários anos no nosso "17" onde terminei sendo Segundo Comandante, mas também no exterior incluído duas comissões em Timor-Leste com a ONU e uma no Kosovo com a NATO; tive ainda a fortuna de trabalhar no Quartel General da ONU em Nova Iorque durante três anos (2008-2011) com o Departamento de Operações de Manutenção de Paz (DPKO).
Após 2011, já como civil e na situação de reserva, continuei ligado á ONU, onde voltei a trabalhar por algum tempo em NY de novo no DPKO, ligado às missões que decorrem no Congo (RDC) e na República Centro Africana. Presentemente encontro-me desde o início de 2015 com a missão da ONU no Burundi (MENUB). Esta é uma missão onde a ONU não tem tropas, apenas pessoal civil. Eu sou o Oficial Regional de Segurança, responsável pela segurança do pessoal, instalações e bens da ONU na região centro do país, que engloba cinco províncias. Infelizmente as coisas não vão bem neste pequeno país africano, após umas conturbadas e questionáveis eleições. Ataques com armas de fogo e com granadas tem-se tornado rotina. Enfim, África no se melhor.
Desculpa caro amigo esta missiva longa. Mas assim ficas com uma visão mais completa da minha actual situação.
Mais te poderia dizer sobre o que tenho feito, mas deixarei isso para quando estiver efectivamente na situação de reforma o que acontecerá em Julho de 2016; por agora e estando ainda na reserva tenho de usar de alguma contenção.
Forte abraço e dispõe sempre.
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