QUEM ME TORNEI...
Quando era criança, fiz uma pergunta a mim mesma, muitas vezes, e confesso que me assustava - O que vou ser quando for grande?
Porém, já sou grande...sei que sou algumas coisas, mas talvez não seja quem eu imaginaria ser. Ficou muito aquém dos meus ideais, dos meus anseios, pois desejaria ter seguido outro caminho que, por várias razões, não me foi possível. No entanto, amadureci e não sinto mais medo de saber quem sou ou para onde quero ir...apesar de ter a consciência de que os meus conceitos mudaram. Acumulei experiências. A minha visão ficou mais ampliada. Tornei-me mais racional em relação à metafísica e mais passional em relação à vida. Fiquei loura, pois quase todas as mulheres acabam em louras. Dizem os peritos que, as mulheres devem ficar assim, por uma questão de rejuvenescimento. Acredito que sim, os cabelos louros dão ênfase à idade, aquela que desejamos aparentar.
Quanto à cor da pele, já não gosto dela tão bronzeada, faz-me envelhecer, além de ganhar pigmentação que, eventualmente poderá ser nociva e causar danos irreversíveis.
Entretanto, ao longo dos anos, fui descobrindo o meu estilo. Fui-me afirmando, sempre envergonhada, mas também nunca pretendi perder totalmente a vergonha. Faz parte do meu carácter.
Finalmente, percebo-me cada vez mais, e tento afastar-me daquelas pessoas que tendem a fazer juízos de valor a troco de nada, são pessoas ocas, vazias de conteúdo. Apenas dou satisfação à minha consciência, e ela é bastante severa para comigo. Assumi o valor que os meus sonhos têm para mim. Descobri quais são os meus amigos verdadeiros, aqueles que eu quero trazer comigo...outros porém, ficaram pelo caminho...mas também não eram amigos.
Aprendi a ser mais reservada, apesar de quando em vez, ainda expor algo que deveria ficar no meu foro íntimo. Talvez seja a menina ingénua que ainda mora em mim. É que já acreditei em tudo o que me contavam. Santa ignorância!
Entendi a importância de conhecer pessoas, mesmo que aleatoriamente. E aprendi que deixar de conhecer alguém, poderá significar virar as costas para uma oportunidade, para um possível futuro que teria algo a ensinar, pois na vida, estamos sempre a aprender.
Porém, ainda conservo alguns hábitos de criança, o gosto de estar com amigos. Nesse circuito, ainda conservo a minha infância, e para meu gozo, tenho a sorte de conservar uma memória prodigiosa. Tenho memorizado quase tudo o que importa para a vida. Grata por esse dom, a capacidade de recordar o que a maioria já esqueceu.
Há coisas que não mudaram. Ainda gosto de ler, escrever, cantar, dançar, viajar, conversar, rir, entre outras coisas...
Aprendi a ver os dois lados da moeda....nem sempre o lado que traz felicidade traz também realização e vice versa. Aprendi qual o lado que devo escolher.
No final das contas, ainda sou a mesma, só que diferente.
03.08.2020
Graziela Veiga
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