Da minha janela o apanha-apanha no facebook
Apanhada: Maria Fernanda Matos Goulart
“A saudade aumenta, surge quando menos espero, instala-se ao meu lado, e dói.” António Lobo Antunes
A dimensão espiritual e religiosa revela-se nos rituais próprios dos momentos importantes, decisivos e, também, dolorosos, que vamos experimentando ao longo da vida.
São momentos preenchidos pelos rituais, gestos e atitudes que sustentam a nossa condição humana e apaziguam a nossa consciência humana.
Todas as culturas, das mais primitivas até à mais avançada, têm rituais para a morte.
O momento de nos despedirmos é primordial para a nossa consciência e condição humana.
A consciência de que a vida não é apenas este tempo neste mundo preenche-se quando ritualizamos a morte.
Despedimo-nos de quem parte!
Despedimo-nos no aconchego de quem nos acompanha e de quem connosco celebra este momento.
Um aconchego que nos ajuda a manter acesa a luz da esperança no sentido da vida.
Quando estes ritos nos são “roubados” mantém-se um vazio…
Um vazio que dificulta, e muito, o amadurecimento desta saudade dolorosa…
Um vazio que teima em instalar e fazer doer mais esta saudade…
Mãe! Sei que não morrendo antes de ti, teria de passar pela dor de me despedir de ti e de ir vivendo a saudade da tua ausência…
Mas eu não consegui fazer nada para que tivesses tido uma despedida honrada…
Mãe! Não ter tido a oportunidade de viver e celebrar o ritual da tua morte deixa-me este grande vazio…
Um vazio que aumenta a dor desta saudade. Uma saudade que é comum a todos os mortais…
Mãe! A última vez que falei contigo, por telefone, disseste-me: “É o fim, Nanda”.
E quando acabei o telefonema, mandaste um beijinho para o Henrique, a Margarida, o Miguel, o André, para a Susana e a Catarina, um abraço para o Francisco Paulo (como tu sempre dizias), para o Paulo e o Filipe. E a mim disseste: “Até sempre, Nanda! Um beijinho para ti”.
Abençoado telefonema, Mãe!
Até sempre, Mãe…
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