Requiem
As flores de uma única grinalda
Que deixarem junto ao meu caixão,
Serão mais que as recebidas em vida.
Num único dia, em poucas horas,
Querereis perfumar-me mais
Que em muitos anos passados junto a vós.
Por tal vos peço: guardai as vossas rosas,
Ou oferecei-as, nem que seja
Ao primeiro desconhecido que passar.
Se fizerem muita questão em que tenha
Alguma coisa delas, já que é da praxe,
Deixai-me os espinhos, sobre a campa.
Não me pesarão.
E far-me-ão, na morte,
A mesma companhia que me fazem hoje,
Sem que seja hoje um dia especial…
Hoje é apenas mais um dia
Em que ninguém me ofereceu flores.
António Bulcão
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