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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Do Blog da prima Da escritora Leticia Mariana - Inclusão: A DIFERENÇA EXISTE!


Do Blog da prima 

Da escritora Leticia Mariana 

Inclusão: A DIFERENÇA EXISTE!

 Pensando novamente por outro aspecto, inclusão é importantíssimo! Eu só vou conviver com autistas na vida? Só conhecerei gente parecida comigo? O que eu mais faço na vida é conhecer gente diferente de mim. Gente que tem outros gostos, outros posicionamentos políticos e sociais, gente que se veste ou se porta diferente, gente de tudo quanto é religião, gente de todo jeito! E eu gosto disso, mas também fico me perguntando se toda essa gente gosta das minhas peculiaridades do mesmo jeito que eu gosto das dela.

Política? Futebol? Religião? E agora?

A verdade é que eu sou tão carente por amizade que nem me importo mais se fulano vota no partido que eu não gosto, nem discuto mais sobre grupos ou movimentos, tampouco me importo com tantos detalhes minúsculos. Afinal, já perdi tantas e tantas amizades nesta vida, perderei mais uma por coisa boba? Muita gente não pensa assim, mas creio que essa "muita gente" não tem a mesma dificuldade que eu tenho. Eu tenho essa dor real! E sério, e daí se tal pessoa vota em João e eu voto em José? E daí se tal pessoa é evangélica e eu sou Umbandista? Meu time é esse, mas e daí se a pessoa prefere o time tal? Pouco me importa. Prefiro ter amigos sinceros, sem me importar com tudo isso. Se está certo ou errado, sinceramente não sei. E não significa que todo autista tenha essa minha peculiaridade, mas eu simplesmente estou farta de perder amigos, farta de discussões, pois não sei lidar mais com tanta rejeição alheia! E um dia aprendo. Mas vale ressaltar que cada Asperger é um.

O problema é que, mesmo carente por amizades, jamais deixo de ser eu. Oras, como assim beber cerveja porque você quer que eu beba? Usar essa roupa porque você acha a minha careta? Não, cara, não quero fumar maconha, me deixe voltar para meus afazeres! Eu conto sobre isso em meu artigo sobre autismo na adolescência, leia clicando.

Agora que você já leu meu artigo anterior, sabe que isso acontece comigo desde o ensino fundamental. Desde que eu nasci, sendo um pouco mais exagerada. Eu sou eu mesma a todo instante, perco amigos e permaneço traumatizada. Quanto mais sincera eu sou comigo mesma, quanto mais eu priorizo minha paz e saúde mental, mais amigos eu perco. E às vezes fico pensando se isso realmente é ter paz, acho que deveria mudar, mas aí lembro que eu sofreria muito mais se mudasse. E percebo que tá tudo bem ser diferente! E tá tudo bem ter seus traumas, pois um dia eles somem, basta trabalhar isso em mim. E vale lembrar que a terapia me ajuda muito nisso.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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