Livros de reconhecimentos a pessoas
do bem
Do Tio João Bailhão ao Cónego Francisco Dolores
Estou na presença de duas pessoas que convivi bem de perto, um delas em
um jornal (A União) onde permaneci por muito tempo, em períodos alternados, como
é do conhecimento dos muitos leitores que me seguiram nesta encruzilhada
jornalística, que muito me honro e da qual atingi um dos meus maiores
objetivos: o ter chegado aos cinquenta anos de carreira.
Vou começar pelo mais antigo, o conhecido e popular comerciante do burgo
angrense, vulgarmente conhecido por Bailão, apelido que foi estendido a toda a
família. Quando a malta se reunia nos degraus da Sé e/ou em outros pontos da
cidade Património Mundial, comentava: onde está o Bailhão? Normalmente, nos referíamos
ao João e ao José Guilherme, visto que o Jorge, por ser mais novo, não fazia
parte deste “clã” da tão famigerada desobrigada na loja do seu pai, o Tio João
Bailhão, figura muito popular e que sempre tinha na ponta da língua uma frase
interessante. De resto, e conforme já revelamos várias vezes em outros
escritos, falar dos “lagartos” na sua loja era o mesmo que, e dentro da
relatividade das coisas, lhe aplicar uma “facada no coração”. Mas manda a
verdade dizer que muitos “lagartos” dele gostavam e concomitantemente
procuravam a sua loja para saborear um queijinho da cabra acompanhado de uma
boa pinga. Num belo dia, entrei na loja, a seguir a um jogo que dirigi do
Angrense, e o Tio João, sem perder tempo algum, saiu-se com esta: “chegou ao
meu conhecimento que não marcaste uma grande penalidade a favor do meu
Angrense”. Eu, claro, ripostei, também com uma pitada de humor: “Tio João,
esqueci-me no balneário dos óculos encarnados”. E aqui podem crer que o Tio
João deu uma gargalhada. Depois, ainda comentei: Tio João, mais logo, pelas 17
horas, cá estamos para a nossa desobriga, mas sem grandes penalidades.
Referia-me, obviamente, ao custo da despesa que, por noma, era dividida por
todos (exceto o João Bendito que pagava a sua parte com o lavar dos copos) ou
então cada qual tinha o seu dia para abrir os cordões à bolsa.
Parabenizo o João e o Jorge pela feliz ideia de publicarem um livro
relacionado com a história de vida do pai. E mais gostei de ter visto o Salão
Nobre da Câmara Municipal de Angra literalmente cheio. Valeu meus amigos filhos
do Tio João Bailhão. Para o Tio João deixo-lhe esta mensagem que pela sua
sensibilidade chegará ao céu: no próximo jogo que dirigir do Angrense, não
deixo de assinalar uma grande penalidade, mas esta bem regada com a tal
angelica da ordem que fazia parte da nossa desobriga.
CÓNEGO FRANCISCO DOLORES – Assevero, sem pontinha de exagero, que se
trata de um ser humano de outra galáxia. Um amigo sempre de contar no aspecto
espiritual e, também, no material. Neste último, não quero mencionar casos por
respeito ao próprio Francisco Dolores, atendendo a que ele dispensa que se fale
sobre o que fez. A tal humildade que completa o seu humanismo.
Nas minhas duas últimas passagens pelo jornal A União, o Cónego
Francisco Dolores, então padre e administrador do jornal (para além de
colaborador com escritos de muita qualidade), sempre mantive com ele uma
relação de enorme amizade. Mas, afinal, quem não se dava bem com o
Francisco Dolores? Penso que não há ninguém que aponte uma falha a este homem
que tem merecido da comunidade os mais rasgados e justos reconhecimentos.
Quando estive na ilha em 2010, na quadra natalícia, reencontrei o
Francisco Dolores à saída do (nosso) jornal A União. Nessa altura, ainda
desconhecíamos o triste desfecho deste matutino (antes vespertino) que serviu a
comunidade mais de um século. Um veiculo informativo e de formação católica (e
não só) e no qual o Cónego Francisco Dolores (então padre) muito contribuiu com
a sua séria postura, sobretudo quando passou a colunista, após ter deixado a
administração. Não tenhamos a menor dúvida de que o Cônego Francisco Dolores
ainda tem muito para dar aos católicos angrenses.
Cónego Francisco Dolores, um mariense que conquistou os terceirenses
pela sua séria conduta de sacerdote. BEM HAJA!
Deixo aqui registado o que afirmou Aurélio da Fonseca que inaugurou a
apresentação da obra:
"Um cidadão crítico e ativo, talvez por isso polémico", até
face ao seu percurso como jornalista e chefe de redação de alguns jornais
regionais, nos quais se incluem o Correio dos Açores e A União, e enalteceu a
sua contribuição para a Cáritas da Região e o seu espírito de generosidade”.
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