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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Do meu baú


Livros de reconhecimentos a pessoas do bem
Do Tio João Bailhão ao Cónego Francisco Dolores
Estou na presença de duas pessoas que convivi bem de perto, um delas em um jornal (A União) onde permaneci por muito tempo, em períodos alternados, como é do conhecimento dos muitos leitores que me seguiram nesta encruzilhada jornalística, que muito me honro e da qual atingi um dos meus maiores objetivos: o ter chegado aos cinquenta anos de carreira.

Vou começar pelo mais antigo, o conhecido e popular comerciante do burgo angrense, vulgarmente conhecido por Bailão, apelido que foi estendido a toda a família. Quando a malta se reunia nos degraus da Sé e/ou em outros pontos da cidade Património Mundial, comentava: onde está o Bailhão? Normalmente, nos referíamos ao João e ao José Guilherme, visto que o Jorge, por ser mais novo, não fazia parte deste “clã” da tão famigerada desobrigada na loja do seu pai, o Tio João Bailhão, figura muito popular e que sempre tinha na ponta da língua uma frase interessante. De resto, e conforme já revelamos várias vezes em outros escritos, falar dos “lagartos” na sua loja era o mesmo que, e dentro da relatividade das coisas, lhe aplicar uma “facada no coração”. Mas manda a verdade dizer que muitos “lagartos” dele gostavam e concomitantemente procuravam a sua loja para saborear um queijinho da cabra acompanhado de uma boa pinga. Num belo dia, entrei na loja, a seguir a um jogo que dirigi do Angrense, e o Tio João, sem perder tempo algum, saiu-se com esta: “chegou ao meu conhecimento que não marcaste uma grande penalidade a favor do meu Angrense”. Eu, claro, ripostei, também com uma pitada de humor: “Tio João, esqueci-me no balneário dos óculos encarnados”. E aqui podem crer que o Tio João deu uma gargalhada. Depois, ainda comentei: Tio João, mais logo, pelas 17 horas, cá estamos para a nossa desobriga, mas sem grandes penalidades. Referia-me, obviamente, ao custo da despesa que, por noma, era dividida por todos (exceto o João Bendito que pagava a sua parte com o lavar dos copos) ou então cada qual tinha o seu dia para abrir os cordões à bolsa.
Parabenizo o João e o Jorge pela feliz ideia de publicarem um livro relacionado com a história de vida do pai. E mais gostei de ter visto o Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra literalmente cheio. Valeu meus amigos filhos do Tio João Bailhão. Para o Tio João deixo-lhe esta mensagem que pela sua sensibilidade chegará ao céu: no próximo jogo que dirigir do Angrense, não deixo de assinalar uma grande penalidade, mas esta bem regada com a tal angelica da ordem que fazia parte da nossa desobriga.
CÓNEGO FRANCISCO DOLORES – Assevero, sem pontinha de exagero, que se trata de um ser humano de outra galáxia. Um amigo sempre de contar no aspecto espiritual e, também, no material. Neste último, não quero mencionar casos por respeito ao próprio Francisco Dolores, atendendo a que ele dispensa que se fale sobre o que fez. A tal humildade que completa o seu humanismo.
Nas minhas duas últimas passagens pelo jornal A União, o Cónego Francisco Dolores, então padre e administrador do jornal (para além de colaborador com escritos de muita qualidade), sempre mantive com ele uma relação de enorme amizade.  Mas, afinal, quem não se dava bem com o Francisco Dolores? Penso que não há ninguém que aponte uma falha a este homem que tem merecido da comunidade os mais rasgados e justos reconhecimentos.
Quando estive na ilha em 2010, na quadra natalícia, reencontrei o Francisco Dolores à saída do (nosso) jornal A União. Nessa altura, ainda desconhecíamos o triste desfecho deste matutino (antes vespertino) que serviu a comunidade mais de um século. Um veiculo informativo e de formação católica (e não só) e no qual o Cónego Francisco Dolores (então padre) muito contribuiu com a sua séria postura, sobretudo quando passou a colunista, após ter deixado a administração. Não tenhamos a menor dúvida de que o Cônego Francisco Dolores ainda tem muito para dar aos católicos angrenses.
Cónego Francisco Dolores, um mariense que conquistou os terceirenses pela sua séria conduta de sacerdote. BEM HAJA!
Deixo aqui registado o que afirmou Aurélio da Fonseca que inaugurou a apresentação da obra:
"Um cidadão crítico e ativo, talvez por isso polémico", até face ao seu percurso como jornalista e chefe de redação de alguns jornais regionais, nos quais se incluem o Correio dos Açores e A União, e enalteceu a sua contribuição para a Cáritas da Região e o seu espírito de generosidade”.


Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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