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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Um desejo tornado público



Folhas de jornais na minha urna

Quando morrer, desejaria que a minha urna fosse coberta de folhas de jornais impressas, levando para o “outro lado da vida” (onde muitos dos meus amigos me esperam), esse bichinho que, felizmente, continua bem mexido. Daí que, regularmente, vou alinhavando alguns escritos para, assim, não morrer de
tédio. Mas manda a verdade dizer que o bichinho não me larga e que simultânemente está difícil arranjar um antídoto eficaz para afastá-lo de uma vez por todas. Sempre vou pensando que já chegam 51 anos de ininterrupta atividade. Terá valido a pena? Sobre isso tenho que dizer que foi uma das maiores dávidas de Deus em todos os aspectos. Mas, retornando atrás, e relacionado com o meu pensamento, quando quero tomar a iniciativa para o adeus definitivo há algo que me prende, que me diz ao ouvido “ainda podes continuar por mais alguns anos”. Seguindo este raciocínio, e ainda de pensamentos, lembro-me daquela canção do Paulo de Carvalho “E DEPOIS DO ADEUS”. Se o adeus fosse neste moimento concretizado,  uma coisa tenho a certeza: o bicho estava morto e eu também morreria de tédio. Assim sendo, vou prosseguir esta minha encruzilhada, por mim e por amigos-leitores que me incentivam a manter-me com as minhas crónicas. Se forem deliciosas ou não, só a eles compete a devida análise, inclusive com uma crítica que me possa ser desfavorável. Não sou, de forma alguma, um “Deus Ex-Machina” e, como tal, exibicionista da tal e célebre frase de alguns: “eu nunca erro”.

Quero, circunstancialmente, quando for para o “outro lado da vida” que a minha urna seja coberta de folhas de jornais, preferencialmente de alguns, quer ao nível nacional quer ao nível regional, por onde passei por largos anos: A Bola, Record, A União, Diário Insular, Açoriano Oriental, nomeadamente. E digo nomeadamente porque foram muitos aqueles onde registei a minha colaboração regular. A não ser que a cova que me receberá dentro da respectiva urna, também possa ser coberta por folhas desses mesmos jornais não citados.  Era uma forma de sentir, momentaneamente, o cheiro da tinta desses veículos que muito têm contribuído para o desenvolvimento sociocultural – e não só – de um país, de uma região abençoada, como é o caso dos Açores.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

2 comentários:

  1. Você vai escrever muito ainda, por muitos e muitos anos, não é hora de pensar nisso agora!

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  2. Amigo Carlos Alberto, não sabia desse seu desejo. Se estivesse em Terras de Vera Cruz, como você, iria, a partir de hoje, começar a juntar jornais, mas como estou aqui do outro lado do Atlântico com muitos amigos no Brasil, vou pedir-lhes para que todos guardem alguns jornais para o nosso Ilhas. ;) Você, como sempre, sai-se com cada uma do carago!!! :)

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