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quarta-feira, 13 de julho de 2016

Se os mortos falassem

Bem recentemente, um amigo de longa data me colocou a seguinte questão: “você escreve muito sobre pessoas que morrem”. Cogitei nesta observação e concomitantemente recuei no tempo em que o fazia nos jornais onde estava inserido. E não foram poucos os casos relacionados com o desaparecimento do rol dos vivos de colegas e amigos mais chegados, nomeadamente gente ligada à área desportiva. Foi aqui que a minha atividade de árbitro, treinador e simultaneamente jornalista abrangeu o maior número de anos, concretamente quarenta dos cinquenta e um até agora registados, mas manda a verdade dizer que esta fase (os 11 anos subsequentes e passados no Brasil) abarcou apenas o jornalismo.

Quando estava no ativo em Portugal, era muitas vezes chamado pelas circunstâncias ocorridas para escrever sobre alguém que havia falecido, não só pelo fato de ser colega ou amigo, mas também e, sobretudo, por conhecer o trajeto dessas mesmas pessoas. E, ultimamente, não fugi a esse estigma em função de mortes de meus ex-futebolistas e amigos, o mais recente Aníbal Resendes, que teve iniciação futebolista comigo como técnico do Angrense.

É sempre doloroso sentar em frente do computador (em décadas anteriores a máquina de escrever) para alinhar um escrito relacionado com esta questão de mortandade, principalmente quando se trata de pessoas chegadas e que comigo conviveram vários anos.

Confesso que, há uns anos atrás, deparei com dificuldades para fazê-lo no que concerne a duas pessoas que muito me estimaram no decorrer da minha carreira, os meus amigos do coração Alberto Pereira Cunha e Francisco Toste de Carvalho, o conhecido Chico Toste, o “homem da cachimbada” e de alto vozeirão. E os casos nesse sentido foram-se seguindo, passando por João Machado Leal (o Martins do Porto Judeu) e João Gabriel Borges, duas mortes que, sinceramente, me abalaram em função das circunstâncias em que ocorreram.

Dois monstros do jornalismo, Vítor Santos e Alfredo Farinha, são outras duas figuras que, e como não podia deixar de acontecer, mereceram as minhas respectivas homenagens póstumas. Dois verdadeiros amigos e companheiros que muito me ensinaram nesta vida de ser jornalista. Vitor Santos, inclusive, sempre me considerou como um irmão. Disse-o publicamente num seminário para jornalistas desportivos em que foi convidado para passar os seus vastos conhecimentos aos colegas açorianos.

E de colegas do jornal da Travessa da Queimada (A Bola), Manuel Rebelo Carvalheira, Carlos Pinhão, Carlos Miranda, Homero Serpa, Cruz dos Santos, Aurélio Márcio, Nuno Ferrari, todos eles afáveis colegas e amigos sinceros. Homero foi o que me indicou ao Vitor Santos para eu fazer parte do naipe de correspondentes. Rebelo Carvalheira sempre com aquela frase: “chegou o açoriano, vamos ter chuva”.

E fomos por aí fora, nesta onda de tristeza (claro que ainda não terminou para a minha pessoa), com escritos para homenagear antigos atletas e amigos: Berto Rocha, Carlos Azevedo, Rui Gama, Jorge Teixeira (o “patachon”), para apenas falar destes os que no momento me recordo.

Para finalizar, tenho a certeza de que SE OS MORTOS FALASSEM, diriam: “o Carlos sempre foi um amigo de contar”

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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