485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Da série eu no Brasil




No decorrer da minha curta permanência em Jacarepaguá (Rio de Janeiro), desloquei-me a Lambari com um grupo de irmãos, dois masculinos e uma mulher, professora de profissão.
Lambaria, também no Estado de Minas Gerais. Vejamos, pois, a história da
minha permanência em Lambari.
Por amor à verdade, refira-se que o Brasil usufrui de paisagens naturais dignas de serem vistas e aquilatadas ao pormenor. 
Mais uma vez corroboramos que é tão agradável percorrer este país, independentemente do Estado que se pretende visitar. Dentro da relatividade das coisas, é como estivéssemos nas nossas ilhas açorianas (e também na Madeira, porque não), cada qual com a sua própria beleza. Isto, apenas, para transmitirmos uma ideia aproximada, visto que o Brasil (180 milhões de habitantes), como se sabe, em termos de superfície é muito maior do que a Europa. 
Nesta peregrinação a Lambari, cidade com 19 mil habitantes (um pouco parecida com a "nossa" Praia da Vitória), foi impressionante a subida (e vice-versa no retorno) pela Serra da Mantiqueira, com curvas e mais curvas. Mas a sua beleza impressionou sobremaneira. Nas paragens de rotina, a cidade de São Lourenço é outra que, nos últimos tempos, é muito procurada pelos turistas locais e, também, por quem se desloca do exterior em excursões organizadas para o efeito. Bares e restaurantes q.b. e bem localizados no centro da cidade. 
De Lambari, o nosso destino programado, há que dizer que não foge ao estigma dos mineiros, isto é, a sua franca hospitalidade, servindo de paradigma a Presidente da Câmara Municipal, Andreia Canelhas, que nos cumulou de gentilezas. Trata-se de uma estudante de direito, com ligações ao Partido PTB. E há quem diga que, num curto futuro, é uma potencial candidata a Prefeita. 
Tal como acontece na esmagadora maioria dos lares brasileiros, em Lambari é gratificante constatar-se o amor à família por via das respectivas reuniões, sobretudo nos dias mais lembrados. Aqui, tive o privilégio de ser convidado para visitar a casa (diria um casarão) da D. Elvira, com 82 anos de idade, mãe de sete filhos (4 masculinos e 3 femininos) e esposa do falecido Promotor de Justiça (de nome Ferreira). Que reunião agradável ao juntar, na quinta-feira do Corpo de Deus, todos os seus filhos e netos. E mais curioso ainda o fato de duas das suas netas, as gemeas Isabella e Giordana, assinalarem os seus 15 anos de idade. Uma festa bem à maneira da esfuziante alegria dos brasileiros. É tradição, em todo o país, quando um jovem completa 15 anos de idade, ser contemplado com uma grande festa de "niver", reunindo (normalmente em salões de clubes e/ou sociedades), para o efeito, familiares e amigos mais chegados. No caso das netas da D.Elvira, apenas a família (que é enorme, sublinhe-se) e mais três ou quatro convidados especiais, como foi, circunstancialmente, o meu caso, convite feito de forma surpreendente, mas que, ao cabo, serviu para reforçar o que inicialmente fizemos eco, ou seja, a hospitalidade do povo mineiro. E mais: nesta agradável visita ao seio familiar da D. Elvira, falamos de Portugal e, sobretudo, das nossas ilhas açorianas – suas tradições e "modus vivendi", basicamente. 
Portanto, numa avaliação global de quatro dias e em termos de mais conhecimentos sobre o Estado de Minas Gerais, a nossa passagem por Lambari acabou por ser proveitosa. 
Lambari, como a cidade foi rebatizada, ganhou o status de um dos principais destinos turísticos de Minas e do Brasil. Viveu seus tempos de glória na primeira metade do século XX, quando recebeu personalidades ilustres e influentes. A inauguração do Cassino marcou esta época e permanece na memória e na imaginação de seus moradores. Deixou lembranças que agora precisam ser resgatadas pelo turismo, fazendo com que os sonhos de grandeza voltem a virar realidade. 
Quem passa por Lambari não pode, de forma alguma, ficar alheio a uma das mais tristes e interessantes histórias da cidade: o Cassino.
A FICÇÃO
Entrei no cassino com umas moedas na mão para colocar numa “machine”, mas nicles. Nada de máquinas, cassino sem ninguém para visitá-lo. É que, em 2000, quando fui à Maratona de New York, depois da corrida voltei a Atlantic City e no Casino Ballys uma máquina contemplou-me com 500 dólares (três setes). Que maravilha, na véspera de regressar à ilha Terceira. E agora se existissem máquinas no cassino de Lambari e de novo fosse bafejado pela sorte, que dinheiro iria receber?Reais, dólares ou euros? Bom... teria preferência pelos Euros porque, depois de cambiar, recebia muito mais reais em relação ao prémio que ali eventualmente recebesse na moeda brasileira. E que faria com o dinheiro ganho em reais? Pensando bem, trazia uns queijinhos, uns saborosos doces e outras excelentes iguarias daquela zona. O que restasse que não seria muito, ainda me proporcionaria um bom almoço no Rio de Janeiro. Se fosse na URCA, seria mais caro porque ali é a zona do Rei Roberto Carlos. Se paga mais por isso. Não para o Roberto (porque não precisa), mas sim para o governo. Em Petrópolis, cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro, são muitas as taxas em tudo que se consome. E sabem o motivo? Este: ainda existem descendestes (trinetos, e mais e mais) do Rei D. Pedro II viveu nesta cidade muitos anos. E é lindo o seu museu, mas também para a entrada se paga, se anda com pantufas para não sujar o chão e não se podem tirar fotos para que estas não possam chegar até aos muitos ladrões que existem neste país. Um dia eles vão lá entrar e trazem a maior carruagem que lá se encontra. Cadê a polícia?
NOTA FINAL – No que respeita a Lambari, escrevi “à-brasileira”, visto que. aqui se diz (e escreve) cassino.
De New York casino, claro. “à-portuguesa”.




Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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