Cruzados, Lusitanos e Conquistadores
Na minha recente passagem pela ilha Terceira, em Dezembro/Janeiro, em determinado dia fui reviver a minha infância no Bairro do Corpo Santo. Quando entrei no Largo dos Remédios parei um pouco e veio-me à memória os bons-velhos-tempos em que, naquele edifício, funcionava o Orfanato João Batista
Machado, que albergou muitos jovens desprotegidos, não só da ilha Terceira como
de outras, mormente São Jorge e Graciosa. Ora, por determinação da tutela
superior, os alunos da Escola do Corpo Santo ( como professora a D. Jesuína,
que a malta trava por “barbuda” pelo fato de ter uma perinha, como sói
dizer-se) que passaram para a quarta classe (1953 ou 54, por aí) teriam que ser
transferidos para a Escola do Orfanato João Batista Machado. Para a dita, como
professor, foi destacado o faialense Alberto Lemos, que creio ainda continua no
rol dos vivos, apesar da sua doença. E o curioso é que, em Agosto de 2004,
antes de vir para o Brasil (fiz o trajeto Horta-Lisboa-Rio de Janeiro),
encontrei o “próf” lá para os lados da Conceição, perto da residencial do Tino
Lima.
Como
a maioria dos faialenses, o professor Alberto Lemos também gostava de futebol e
foram formadas três equipas de sete jogadores que, nas horas mortas (almoço e
intervalos), disputavam jogos no pátio do Orfanato e, também, sempre que o
“próf” determinava com saídas para o conhecido “campo dos rapazes”, anexo ao
Campo de Jogos da Cidade (hoje Municipal de Angra e o referido espaço ocupado
pela casa do guarda do campo, posto clínico e lavanderia do Angrense, para além
do WC) e, também, para o Relvão.
As
equipas formadas passaram a ser conhecidas por Cruzados, Lusitanos e
Conquistadores, nomes que estavam ligados à própria história que estudávamos na
altura. Dali, posteriormente, surgiram alguns jogadores nas equipas locais, mas
muito poucos. Recordo-me do Virgínio Costa (apelidado por “canoa” e quando já
adulto por “martelo”) que foi um dos bons avançados que passaram pelo Santa
Clara e que hoje está emigrado no Canadá. O Manuel Leal, vulgo “Manuel Grande”,
que também se encontra no Canadá, foi sénior no Marítimo e mais tarde
transferiu-se para o Lusitânia. Acresce que o Manuel Leal, então ao serviço do
Marítimo, chegou a ser irradiado por dois anos, pelo fato de ter agredido o
árbitro Joaquim Simões, já falecido nos Estados Unidos. De resto, outros
jogadores não passaram de reservistas dos respectivos clubes. Eu no Marítimo e
o Vítor “Rebimba” no Lusitânia.
De
tudo isto se infere que é sempre agradável ter um professor que goste de
desporto, como foi o caso do Alberto Lemos que, quando não tinha cigarros,
mandava-me ir comprar ao Chá Barrosa (Clipper). Ai que jeito, para sair da
escola por um tempinho. Quando o “próf” me dizia que era “ir num pé e vir no
outro”, é que não gostava nada. Se me demorasse era capaz de ficar de castigo e
não jogar o meu futebolzinho em representação dos Conquistadores.
Do Azores Digital – Ao acaso
1. Professor no Brasil - e não só - é uma profissão que não tem sido
reconhecida pela respectiva tutela governamental. Os professores têm,
frequentemente, e com alguma veemência, reivindicado melhores condições
salariais, compatíveis com o seu desempenho. E, hoje, no Brasil, ser professor
já começa a ser uma
profissão de risco em função da violência que tem grassado nas próprias aulas. E quantos professores já foram agredidos por alunos? Muitos. Medite-se! Que haja capacidade governamental para mudar este triste quadro.
profissão de risco em função da violência que tem grassado nas próprias aulas. E quantos professores já foram agredidos por alunos? Muitos. Medite-se! Que haja capacidade governamental para mudar este triste quadro.
2. Em abril de 1976, a saudosa escritora e poetisa, Natália Correia,
deslocou-se a São Miguel, sua terra natal. E, por coincidência, viajou
conjuntamente com as caravanas do Benfica e do Sporting que vieram participar
na inauguração do então denominado Estádio Municipal (hoje é Estádio de São
Miguel). No desembarque, desde a aeronave até ao terminal, veio acompanhada
pelo fotógrafo António Capela (RIP) que trazia vestido um enorme capote. Como
já conhecia o Capela, desde 1972 quando veio à Terceira acompanhando o Sporting
que participou nas "Bodas de Ouro" do Lusitânia, disse-lhe:
"Deves estar equivocado, isto aqui não é a Sibéria". A Natália riu
que se fartou, mais o Aurélio Márcio (RIP), meu colega de A Bola que o
aguardava para combinarmos serviço. Natália Correia, António Capela e Aurélio
Márcio, três vultos já falecidos, mas sempre presentes na nossa memória.
3. O teatro é uma das grandes culturas que conhecemos, seja qual for a
circunstância: drama, comédia e por aí fora. Recordo-me de noites inolvidáveis
passadas em Lisboa no Parque Mayer, assistindo a excepcionais revistas e que
abarcavam atores de enorme prestígio. Aliás, tal como acontece no Brasil,
Portugal poderá ufanar-se de, geração-em-geração, reunir grupos de talentosos
atores.Em Divinópolis, cidade de Minas Gerais, há que realçar a dinâmica
imposta pela atriz (de nome feito na sua profissão) Cidah Viana. Tem sido
sumamente importante a mensagem que ela passa à juventude que se interessa pela
atividade teatral. É assim que se captam novos valores. Parabéns!
4. Saudade velha máxima do cancioneiro português. Quando em determinadas
circunstâncias a saudade bate forte, óbvio que aflora toda a sensibilidade com
uma ou mais lágrimas passando pelo rosto. E desde que me enfileirei no facebook
muitas lágrimas caírem (e ainda caem) quando deparei com figuras de amigos
meus, os que estão em Portugal Continental, nas ilhas dos Açores, emigrados
para os Estados Unidos, Canadá e outros países. E as lágrimas caem de saudade
quando dou por conta que algum amigo postou na minha caixa de mensagens que
faleceu fulano, que faleceu sicrano. E mais: que o amigo tal sofre de doença
incurável.Mas a saudade bate sempre no meu dia-a-dia. É só entrar no facebook e
constatar quem são os meus amigos e conhecidos que estão online. Também as
fotos postadas originam, por vezes, um recuar ao passado. O mais recente
aconteceu quando por aqui encontrei João Consiglieri Rocha, um terceirense que
há longos anos vive no Algarve. Um amigo de contar. E tenho fortes motivos para
dizê-lo. E de outros que também que por aqui circulam nesta enorme
"avenida facebokana", como, por exemplo, aqueles que me apoiaram nas
minhas deslocações à Diáspora. É isso mesmo: saudade velha máxima do
cancioneiro português. E jamais deixo de ser português.Saudade velha máxima do
cancioneiro português. Quando em determinadas circunstâncias a saudade bate
forte, óbvio que aflora toda a sensibilidade com uma ou mais lágrimas passando
pelo rosto. E desde que me enfileirei no facebook muitas lágrimas caírem (e
ainda caem) quando deparei com figuras de amigos meus, os que estão em Portugal
Continental, nas ilhas dos Açores, emigrados para os Estados Unidos, Canadá e
outros países. E as lágrimas caem de saudade quando dou por conta que algum
amigo postou na minha caixa de mensagens que faleceu fulano, que faleceu
sicrano. E mais: que o amigo tal sofre de doença incurável.Mas a saudade bate
sempre no meu dia-a-dia. É só entrar no facebook e constatar quem são os meus
amigos e conhecidos que estão online. Também as fotos postadas originam, por
vezes, um recuar ao passado. O mais recente aconteceu quando por aqui encontrei
João Consiglieri Rocha, um terceirense que há longos anos vive no Algarve. Um
amigo de contar. E tenho fortes motivos para dizê-lo. E de outros que também
que por aqui circulam nesta enorme "avenida facebokana", como, por
exemplo, aqueles que me apoiaram nas minhas deslocações à Diáspora. É isso
mesmo: saudade velha máxima do cancioneiro português. E jamais deixo de ser
português.
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