Eu próprio pergunto: quantas vezes, na Praça Velha, ele me engraxou os sapatos? Foram muitas. Ele e o Baeta (tinha pomada branca e preta), os meus dois preferidos e, mais tarde, após desaparecerem da atividade, o José "Cagão". O Heitor "Xuxana" como sempre o chamavam era, de facto, uma figura castiça,
pela sua indumentária, pelos seus óculos escuros. Mas era, sobretudo, um parceiro de um grupo que, à noite, animava a malta ali para as bandas do Pisão e não só. Um grupo em que também fazia parte o pai do Dr. Hélio Flores Brasil, o nosso conhecido "arranhão".
Num belo dia, uma segunda-feira concretamente, fui engraxar os sapatados da parte da manhã, lógico preferência para o Heitor, isto no dia a seguir a um jogo entre o Lusitânia e o Angrense. Quando lhe ia pagar (1.60 escudos), o Heitor levantou a mão
e disse-me: hoje não paga nada porque o Lusitânia ganhou ontem. Pensei depois: será que ele fará isso durante o dia com todos os lusitanistas?
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