Quando se fala no Corpo Santo, do passado, óbvio que a coletividade Sport Clube Marítimo está quase sempre na ordem do dia. Nos tempos que correm, fala-se do basquetebol do Clube Juvenil Boa Viagem, sem dúvida a grande referência do nosso bairro.
Retornando ao Marítimo, tema de hoje (mais um), o clube que nunca ganhava nada em termos de campeonatos e taças, conseguiu um desiderato num torneio relâmpago (jogos de 40 minutos divididos em duas partes de 20) de homenagem a dois jogadores (um do Marítimo e outro do Angrense, respectivamente o filho mais novo do José Tomás e o Osvaldo, este último posteriormente emigrado para o Canadá) que integraram a Companhia de Expedicionários que naquela época partiu para a Índia, em defesa do património português, ou seja, Goa, Damão e Dio, que mais tarde os indianos chamaram a si com uma invasão de certo modo inesperada, mas aconteceu.
Ora, quando menos se pensava, o Marítimo derrotou o Angrense e o Lusitânia ambos pelo mesmo score (1-0), conquistando assim o troféu para gáudio de todos os maritimistas, habituados a tantos insucessos ante os dois adversários de Angra, sem dúvida mais poderosos e que, normalmente, nos confrontos diretos com os azuis, aplicavam cabazadas. Mas nem por isso o Marítimo deixou de existir e, anos volvidos, acabou com a hegemonia do Lusitânia, sagrando-se campeão de ilha e dos Açores e daí representar o arquipélago na Taça de Portugal, perdendo com o Riopele (na I Divisão) por 1-0.
A conquista da Taça Expedicionários foi motivo para alvoroço no Corpo Santo. A equipa e o seu pequeno grupo de adeptos desceram a Rua de Oliveira, passaram pela Rua Direita, Rua de Santo Espírito, subida da Rua do Morrão e, finalmente, chegada triunfal ao nosso bairro com festa rija na esplanada do clube. Todos queriam beber vinho do Porto pela taça conquistada, até os mais jovens (como eu, por exemplo) tiveram direito a saborear o Porto (vinho) pela taça. Uma noite inolvidável com muitos sorrisos e alegria transbordante, inclusive da parte do treinador, o consagrado Manuel Lima (RIP) que, mais tarde, levaria o Angrense a Campeão Insular, acabando assim com a escandalosa hegemonia dos madeirenses, quase sempre representados pelo Clube Sport Marítimo, o poderoso Marítimo do Chino, Checa e Raul Tremura. Que grande trio atacante.
E foi assim que o Marítimo em jogos de 40 minutos, derrotando Angrense e Lusitânia, deu de beber a uma grande dor, prolongada por muitas épocas. Como se dizia na gíria popular o Marítimo “não via o padeiro à meia-noite”.
Sem comentários:
Enviar um comentário