JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Do jornal A União



As gratas recordações do ISEF 

No tempo de outro futebol, no tempo em que existia verdadeiro espírito de equipa dentro e fora das quatro linhas – alguns desses protagonistas hoje são treinadores de futebol -, passaram-se cenas interessantíssimas as quais, por si só, dariam para a feitura de um livro humorístico. O mesmo que dizer que se
apresentariam peripécias que envolveram grandes “artistas”. E aqui incidência para as muitas deslocações feitas com o Lusitânia e, também, algumas com o Angrense quando o clube, pela primeira vez, militou no escalão terciário (Série E) do Campeonato Nacional de Futebol, tendo como principal protagonista o professor Luís Carlos Couto que todos reconhecem ser um animador de grupo por excelência. Dizem que o rapaz quando nasceu já apresentava indícios de que iria ser um predestinado para o futebol-humor. Se a parteira ainda for viva, que me confirme. Parafraseando o actor Lima Duarte “estou certo ou estou errado?”. 

Os funcionários do ISEF com quem mantínhamos regulares relações (Pardal, Aníbal, Celestino e outros), sempre nos diziam que a malta dos Açores era diferente, isto é, amiga, afável, reconhecedora, trilogia que, na verdade, se colocava em prática com todo o carinho para com aquela gente, apesar de, inicialmente, ter sido difícil agradar a gregos e troianos, mas, com o decorrer do tempo, a recíproca amizade foi conquistada. 

Com o Lusitânia, no primeiro ano de terceira divisão, acompanhamos a equipa numa deslocação a Vendas Novas. Um jogo (1-1) em que o Teixeira esteve na iminência de não jogar, estando preparado para substituí-lo o Carlos Azevedo. Mas tudo se resolveu com uma injeção infiltrada no local da mazela (creio que tornozelo). Não sei precisar quem estava de serviço nessa viagem, se o Álvaro Coelho ou o Hélder Sousa (“Fox de Ryan”). Para a Madeira, era sempre o Álvaro porque tinha a avozinha da esposa e de lá trazia os caixotes com mantimentos “made in Madeira”. Uma vez lá fui a casa dessa bendita senhora, só que ela não me deu uma “semilha”, ou um caixote delas, também podia ser. 

Ora, retornando a essa viagem com vista ao jogo de Vendas Novas, também fez parte do grupo o fervoroso lusitanista Paulo Ferreira da Costa, pai do Paulo Jorge “gaitinha”. Chegados ao ISEF e após o jantar, decidimos ir até à baixa pombalina, só para ver as montras e dar umas voltas pelo Rossio e Restauradores. O resto não se revela aqui por respeito ao saudoso amigo Paulo Ferreira. Depois das voltas, depois do taran-tan-tan (Nice Bar, Diana Bar, por aí), regressamos ao ISEF, mas, já depois da hora estipulada para a entrada. Na rua não ficaríamos, apesar do Aníbal (o longilíneo) ter aparecido na varanda por cima do hall de entrada com uma catana na mão. E aí veio de novo à tona o espírito de equipa. A malta amarrou lençóis (espécie de uma corda) e lá fomos puxados até aos quartos. Foi difícil, mas a coisa foi. O falecido Martins (ai que saudades, ai, ai) e o Adelino Barcelos foram os meus puxadores. Do Paulo Ferreira, não sei se foram os mesmos. O que é certo é que não ficamos ao relento, graças a essa rapaziada imaginativa. Os lençóis eram fortes e a respectiva amarra foi feita com muito cuidado e eficiência. 



Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário