É verdade
que, no meu tempo de infância-adolescência gostava de pescar, ora no Porto das
Pipas. Cais da Cidade, Cais da Figueirinha e, inclusive, naquela zona do
Caminho de Baixo onde mora o meu amigo José Duarte Couto, Naquela altura, ele ainda
andava por Santa Luzia, um pouco mais novo em relação a este trio:
Carlos
Alberto Alves, Paulo Henrique Jácome (emigrado para os Estados Unidos) e José
Maria do Ó, que foi meu vizinho durante muito tempo e que, infelizmente, morreu
em Angola na Guerra Colonial, onde eu também lá estive, mas apenas com a caneta
na mão e a máquina de escrever. Esta foi a minha “guerra” por terras angolanas –
Luanda, Bela Vista e General Machado -, para além de árbitro de futebol onde, e
manda a verdade dizer, me evidenciei, tendo dirigido, como prémio, o jogo
Seleção do Distrito do Bié - Associação Académica de Coimbra (0-1).
Afinal,
éramos razoáveis pescadores, utilizando o “pesqueiro” que ficava entre o
Caminha de Baixo e a Vila Maria. O José Maria do Ó levava sempre o seu
enchelevar (Pequena rede cilíndrica ou cônica, usada pelos pescadores,
para tirar o peixe do mar), mas o peixe não abundava, valia sim pelo “hobbie”.
De resto, e para não irmos a casa almoçar, “roubávamos” uvas nos cerrados
circundantes. Enquanto dois saltavam para apanhar as uvas, o terceiro ficava
fora para avisar se vinha alguém que nos prejudicasse, inclusive algum dono das
vinhas que por lá existiam. Uvas saborosas? Sim, sobretudo pelo “preço”. Quanto
ao peixe, a dividir por três, cada um se contentava com dois peixes-rei, duas
castanhetas, duas rainhas, dois verdugos e dois bodiões quando estes caiam na rede.
Belos tempos e como é bom recordá-los mesmo com essa coisa de sermos “ladrões
de uvas”.
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