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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Do jornal A União



COMO O MUNDO É PEQUENO. SERÁ MESMO?

Avançando no tempo, não tenho a menor dúvida de que, via facebook, o mundo tornou-se bastante pequeno. Será mesmo? Por mim, pelo que vou acompanhando e também pelos fatos a que sou submetido com o aparecimento de pessoas amigas e/ou conhecidas, subscrevo totalmente esta já velha e conhecida máxima.

Sobre o tema escolhido, óbvio que havia muito para contar, recuando no tempo. Um tempo lato, diria eu. Será que 1966 não é já um tempo considerável? Deixa lá ver: aguardem um momento porque fui ao encontro da máquina calculadora. Só uma pequena pausa, não custa nada amigos e estimados leitores. Dedos nos números, subtração, e temos então 45 anos. Caraça (parafraseando os brasileiros), como passou célere. Ainda me lembro que, nesse mesmo ano, curtia com outros militares amigos o feito de Portugal no Campeonato do Mundo de Futebol disputado em Inglaterra. E quem diria que eu, volvidos alguns anos (uma média razoável, digamos), iria encontrar na ilha um desses “magriços” com o estatuto de treinador, passando pelo Lusitânia e pelo Praiense e depois rumou até à Calheta de São Jorge, contratado por um milionário da lotaria. Bom... eu estou com a memória no Fado Hilário, ou o mesmo que dizer no Hilário da Conceição. E sabem uma coisa ainda mais curiosa, eu estava na Calheta por altura do I Festival de Julho (convidado pela edilidade e ao serviço de A União) quando se tomou conhecimento que o dono lá de um barzinho tinha ficado milionário ao acertar na lotaria. E sabem quem estava comigo? Estes dois: Armando Mendes (não podia faltar ele que já era conhecido por um “filho da Calheta”) e Luciano Barcelos. Eu e o Luciano estávamos preparados para entrar em direto para a RTP-AÇORES falando da homenagem que foi feita ao Jorge Augusto (antiga glória do nosso futebol e que reside na Calheta), mas o sinal nunca chegou. Acabamos por ir tomar uma fresquinha e pensar que ainda havia muita festa e que, nesse mesmo dia (estávamos perto das 20 horas), a noite ainda seria uma criança. E para mal dos pecados da RTP-AÇORES eu e o Luciano, mais outros amigos, acabamos depois por ir para uma petiscada, convidados pelo próprio Jorge Augusto, na sua bela casa, bem arejada e com a mesa ali carregada de comida a pedir o toque de ATAQUE. E lá estava o padre tio do Jorge Augusto (por parte da esposa), leitor de A União e também meu acompanhante nas crónicas que eu desenvolvia no tempo.
Divaguei muito. Afinal onde eu quero chegar para concluir que o mundo é pequeno? Pelo sim pelo não, vou de novo recorrer à máquina de calcular para me certificar se não errei na subtração. Amigos e estimados leitores é só uma pequena pausa, peço humildemente a vossa compreensão. Penso que a mereço. Acredito piamente no vosso reconhecimento ao meu trabalho de memória. Máquina, dedos nos números, trá-tá-tá, sim senhor, são 45 anos. Pois é... Isso mesmo. Angola, tantos de tal. Não, tantos de tal, não. Angola, Vila do Chinguar, Agosto de 1966, num jantar, após ter dirigido um jogo de futebol integrado nas festividades da vila. Um jogo entre os chinguarenses (deve ser assim...) e um misto de veteranos vindo de Nova Lisboa. No jantar, ao meu lado, um senhor que, ao saber que eu era açoriano (depois frisei bem, da ilha Terceira), começou a falar de uma companhia que lá esteve, creio que em 1947 e que muito alegrou os angolanos daquele tempo. Falou-me de nomes, até que chegou o do meu tio-padrinho (RIP) Valdemar Alves. Quando lhe disse que era meu tio, o homem rejubilou de alegria. Falou das touradas de praça improvisada que eles realizaram lá no sítio (quiçá na Caála). Mas o homem, que posteriormente tomei conhecimento que era conhecido pelo D. Rosa (não sei a que cargas de água este alcunha, nem isso me preocupou), acrescentou mais nomes. E vejam só estes dois: Orlando Pereira (que ainda é meu primo e que vive hoje no Canadá), tio do Jorge Laureano. Conhecido pelo Orlando “gamela” e que, com o tio Xico (o pai dele), eram os maiores amigos dos árbitros de futebol, chamando-lhes os nomes mais bonitos que podiam existir na altura (dá para perceber a ironia). E este, vejam só este grande artista (eu diria que foi um excelente espada que passou por aquela arena improvisada em Angola): Horácio Teixeira de Medeiros (RIP), mais tarde meu vizinho ali pelas redondezas entre a Rua de Oliveira e os Quatro Cantos. Horácio que foi contínuo da Escola Comercial e Industrial de Angra, tendo como colegas, entre outros, o nosso Joaquim Maria da Costa (“Costa das Baterias”), o Adelino, o Xavier. Ao cabo, e voltando à festa brava que eles levaram até Angola (Nova Lisboa), toureiros improvisados que ficaram famosos naquelas paragens.
Bom... vou ter que terminar. Está quase na hora de assistir ao jogo Real Madrid – Bayern de Munique. Claro que, com tantos portugueses, torço sempre pelo Real. Mais um para eu passar por sofrimento, a juntar ao Sporting e o Vasco da Gama (quando não jogam nada, chamo de “Vasco da Cama”, isto porque dormem dentro do gramado).
Agora pensando bem naquela estória de Angola, o mundo é mesmo pequeno. Será mesmo?

NOTA FINAL – A maioria dos artigos escrevo com alguma antecedência, daí que este também não fugiu à regra . Quando for publicado, já passou algum tempo sobre o jogo Real Madrid – Bayern de Munique.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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