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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Do jornal A União




QUANDO ELE PASSAVA... "OLHA O ARRANHÃO"

Sempre houve na ilha Terceira, muito particularmente em Angra do Heroísmo, figuras que jamais serão esquecidas. Figuras que, em função dos seus estilos peculiares, nos fizeram divertir com as suas expressões. Figuras essas, sublinhe-se, que foram sempre respeitadas. Do núcleo de pessoas que conhecemos e que acompanhamos nos tempos de infância, também há que
referir o nome do senhor Francisco Flores que trabalhava na central elétrica. Como tal, o senhor Francisco diariamente, pela manhã, passava pelo Corpo Santo com destino ao seu local de trabalho, situado na Canada da Luz, como nós lhe chamávamos. Ali estava a central elétrica que às vezes, claro, nos pregava uma partidinha e tínhamos todos que andar de vela na mão ou recurso ao candeeiro a petróleo, muito usual naquela época. O cidadão Francisco Flores ficou conhecido pelo “arranhão”. Ele próprio, quando passava na rua, se dirigia, com todo o respeito, a nós jovens com a frase “aqui está o arranhão”. Pegou, foi pegando, e sempre que se via ao longe a figura do senhor Francisco Flores, já nos preparávamos para o cordial “bom dia, arranhão”. E assim se foi levando o tempo quando o senhor Francisco Flores atravessava o Corpo Santo com destino ao seu trabalho.
Afinal, de que pessoa estamos a falar, para além de ter trabalhado na central elétrica? O senhor Francisco Flores, “o arranhão”, pai de sete filhos, seis masculinos e um feminino. Dos masculinos, figuras bem conhecidas na sociedade terceirense e não só. Um médico famoso (Dr. Hélio Flores), um jogador que deu nas vistas no Lusitânia (Nuno Flores), um oculista (Valdemar) e os outros filhos que a sociedade angrense se habituou a respeitar: António, Jorge, José Gabriel e Maria Teresa.
Gente de um grande dinamismo e possuidora de um apreciável nível intelectual, para além da força que dispunham, segundo reza a história. E da(s) história(s), há anos atrás, um deles, fica-nos a dúvida se o Valdemar ou o José Gabriel, fez parar a exibição de um filme no Teatro Angrense. A dada altura, nos camarotes abaixo das torrinhas (como se chamava), um cigano que estava ao lado começou a fazer das suas, importunando os outros espectadores. Daí que o nosso Flores (repito Valdemar ou José Gabriel) agarrou no dito cujo e pendurou-o fora do camarote em direção à plateia. Escusado será dizer que quem estava em baixo se assustou perante um inusitado cenário. O cigano passou, naturalmente, um grande cagaço.
Voltando ao senhor Francisco, acresce que ele tocava concertina nas horas vagas. Fazia parte de um grupo que se divertia com as respectivas tocatas familiares e não só. Ele não “arranhava” na concertina, tocava mesmo bem.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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