Amigo é ser
Aníbal*
Aníbal, eras
um dos tipos mais chatos que conheci. Barafustavas contra tudo e todos. Eras
mesmo capaz, à falta de melhor assunto, de falar mal de ti próprio.
Odiavas o Benfica
(o que só te ficava bem) e tinhas um gosto indisfarçável em criticar o nosso
grande Sporting (o que só te ficava mal).
No fundo, Aníbal,
sempre foste um grande castiço, mestre na arte de “enriçar” como qualquer
terceirense que se preze.
Tinhas o maior
gozo em provocar grandes discussões, ficando depois a rir, quase sem ninguém
dar por isso, gozando até ao tutano com todas as peripécias de cada debate.
Foste um
dedicado filho, um apaixonado marido e um responsável e afetuoso pai.
Fisicamente já
não marcas presença entre nós, mas mal nota-se esta realidade face ao enorme
espaço que ocupas nos nossos corações e memórias.
Entro na
Menina e quase que juro que nunca saíste da nossa mesa. Vou ao Aliança e
pressinto-te no lugar de sempre, na ponta do balcão, com o teu olhar
simultaneamente ausente e sonhador.
Pagava todas
as rodadas do mundo só para ter o prazer supremo de beber mais uma cerveja
Sagres contigo. É impossível arranjar melhor sinónimo de amigo do que tu, caro
Aníbal.
Eu sei que
odiarias ouvir-me dizer isso, mas não consigo conter o desabafo: “Deus é grande
mas, às vezes, parece adormecer”.
*Texto lido no
Jantar dos Amigos do Café Aliança em homenagem ao impossível de esquecer Aníbal
de Resendes.
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