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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Do jornalista João Rocha




Amigo é ser Aníbal*
                                                           


Aníbal, eras um dos tipos mais chatos que conheci. Barafustavas contra tudo e todos. Eras mesmo capaz, à falta de melhor assunto, de falar mal de ti próprio.
Odiavas o Benfica (o que só te ficava bem) e tinhas um gosto indisfarçável em criticar o nosso grande Sporting (o que só te ficava mal).

No fundo, Aníbal, sempre foste um grande castiço, mestre na arte de “enriçar” como qualquer terceirense que se preze.
Tinhas o maior gozo em provocar grandes discussões, ficando depois a rir, quase sem ninguém dar por isso, gozando até ao tutano com todas as peripécias de cada debate.
Foste um dedicado filho, um apaixonado marido e um responsável e afetuoso pai.
Fisicamente já não marcas presença entre nós, mas mal nota-se esta realidade face ao enorme espaço que ocupas nos nossos corações e memórias.
Entro na Menina e quase que juro que nunca saíste da nossa mesa. Vou ao Aliança e pressinto-te no lugar de sempre, na ponta do balcão, com o teu olhar simultaneamente ausente e sonhador.
Pagava todas as rodadas do mundo só para ter o prazer supremo de beber mais uma cerveja Sagres contigo. É impossível arranjar melhor sinónimo de amigo do que tu, caro Aníbal.
Eu sei que odiarias ouvir-me dizer isso, mas não consigo conter o desabafo: “Deus é grande mas, às vezes, parece adormecer”.

*Texto lido no Jantar dos Amigos do Café Aliança em homenagem ao impossível de esquecer Aníbal de Resendes.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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