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domingo, 12 de março de 2017

Do jornal A União



QUANDO JOAQUIM CAMPOS VEIO AO BRASIL

O meu primeiro direto com Joaquim Fernandes de Campos, ex-árbitro internacional e hoje um velho amigo, aconteceu em 1966, estava eu em Angola e teve como ponto de partida a sua participação no Mundial desse ano disputado em Inglaterra. Posteriormente, quando regressei à Terceira ainda com o estatuto de árbitro de futebol vinculado à Comissão Provincial de Árbitros de
Angola, contei com Joaquim Campos para interceder junto da Comissão Central de Árbitros (FPF) para que acelerassem o meu processo de transferência. Não foi difícil, até porque a CCA teve em linha de conta que se tratava de um ex-militar que regressava à sua terra e que, por outro lado, registava 198 jogos dirigidos, alguns deles entre companhias militares e ainda o jogo Seleção do Distrito do Bié – Académica de Coimbra disputado em Agosto de 1966, na cidade de Silva Porto.
Com o decorrer do tempo, os meus contatos com Joaquim Campos foram muito mais regulares, presencialmente falando. Em 1973, com ele estive na festa do Eusébio e, no dia seguinte, na Cruz Quebrada, no restaurante do então árbitro António Ferreira, reuniu para um jantar de homenagem à minha pessoa os árbitros que até aquela data estiveram na Terceira, árbitros esses que sempre prestei assistência na companhia do falecido Humberto Dias Teles, outro amigo de Joaquim Campos, aliás, como toda a família.
Mais tarde, Joaquim Campos veio à Terceira trabalhar (de mangas arregaçadas conforme eu escrevi em A Bola) com os árbitros locais, tendo esta vinda coincidido com a realização do Torneio da Páscoa promovido pelo Lusitânia (participaram Santa Clara, Nacional da Madeira e Académica) e que contou com a presença de dois árbitros continentais, na circunstância Porém Luís e Marques Pires. Num desses dias, eu, Joaquim Campos e Frederico Passos (um dos convidados do Lusitânia), almoçamos no Snack-Bambú para uma troca de impressões. Nessa altura, o Lusitânia perspectivava a entrada no escalão terciário do futebol nacional e Frederico Passos era o técnico que reunia condições para treinador, o que não se concretizou, vindo então Mário Nunes.
Joaquim Campos, que dirigiu um jogo Marítimo-Lusitânia (4-1) e não teve ensejo de apitar o Angrense-Lusitânia no domingo seguinte devido à forte chuvada que caiu e que tornou impraticável o então Campo de Jogos da Cidade, também esteve, em outra altura, em São Carlos, na homenagem que Luís Bretão, presidente das festas, prestou a antigos atletas residentes na zona, incluindo um colóquio em que também aderiram (óbvio como convidados) Mário Lino e Fernando Maciel.
A última vez, em Lisboa, que estive com Joaquim Campos foi em 1995-96, quando chefiei a caravana do Lusitânia que disputou um jogo na Madeira (Camacha) e outro (na quarta-feira seguinte) na Guarda para a Taça de Portugal (treinador Ricardo Rosa). Ele almoçou com a equipa antes de partirmos para a Covilhã, local escolhido para a estadia.
Tenho sabido notícias do Joaquim Campos através do meu bom amigo Damaso Teixeira. Porém, há pouco tempo, conversei com uma pessoa que acompanhou jogos que Joaquim Campos dirigiu aqui no Brasil, creio que convidado pela CBF. Dizia esse amigo que Joaquim Campos deu aqui uma lição de arbitragem, tendo salientado a sua excelente preparação física, acompanhando sempre de perto os lances. Na verdade, era assim a postura de Joaquim Campos dentro das quatro linhas.
E porque Joaquim Campos tem uma forte ligação à ilha Terceira, foi ele que dirigiu no Estádio da Tapadinha, em 1964, o jogo entre o Lusitânia e o Ferroviário de Lourenço Marques (2-2) para o apuramento à Taça de Portugal. No outro jogo, o Lusitânia venceu por 3-1.

Nota final – 1. Em Setembro de 1973, depois de um jogo que Joaquim Campos dirigiu em Torres Vedras entre o Torreense e o Porto, à noite fomos até à Pérola (pertinho da sede do Benfica) tomar umas fresquinhas. Levei comigo outro velho amigo, o João Frederico Câmara que estava em Lisboa.
2. - Em 1952, Joaquim Campos foi ao Brasil, integrado na comitiva do Sporting Clube de Portugal e atuou em três jogos. Dirigiu o primeiro encontro da final da Copa Rio, entre Fluminense-Corinthians. Voltou em 1969, como profissional e participou em 20 desafios. Num deles, expulsou o Pelé que lhe chamou “ladrão”. Mais tarde o jogador pediu-lhe desculpa alegando que aquele nome é dado ao jogador que rouba a bola ao adversário e não ao árbitro.
3. – De realçar, também, a sua prestimosa colaboração (assuntos de arbitragem) nos jornais desportivos A Bola e Record, para além de outros diários de caráter nacional e regional.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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