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sexta-feira, 17 de março de 2017

Do jornalista João Rocha




E, que tal, o “Dia

do Nabo”, além do Cão?




                                                             



Em abono da verdade, a classe política portuguesa não reúne as simpatias do povo, sobretudo quando o dito cujo não tem mais nada para se entreter.

Os deputados, então, aparecem sempre na mira da maledicência. As viagens-fantasmas e a recente gazeta na Assembleia da República, que se traduziu na falta de quorum, em nada contribuíram para amenizar a imagem pública dos nossos (abstencionistas à parte) eleitos.


Mas, há que saber admiti-lo, esta gente é também capaz de rasgos de genialidade. O mais recente prende-se com a apresentação de um projeto de resolução no Parlamento para instituir o dia 06 de junho como o "Dia Nacional do Cão".

O projeto de resolução, assinado por deputados do PSD,  justifica a iniciativa por o cão ser um animal que vive junto do Homem desde a pré-história.

O mesmo grupo de sociais-democratas sugere que o "Dia Nacional do Cão" deveria ser o mais próximo possível do "Dia da Criança", que se comemora a 01 de junho.

Mesmo descontando eventuais deslizes, a medida prova que, na realidade, ser deputado não é para qualquer cabeça. Instituir o “Dia de Cão” é quase tão importante (os nossos amigos caninos até acharão que é mais...) do que a descoberta da energia elétrica.

Pegando na corrente, diria mesmo que só um grupo de iluminados, como os deputados, é que consegue ousar pensar tão alto.

Depois do dia, bem poderia aparecer o parlamento dos cães. O plenário (a eleição eventualmente teria a ver com a raça dos “deputados”) seria o palco ideal para todos os Bobis e Tarzans deste país denunciarem as verdadeiras tormentas que resultam do contacto diário com pulgas e carrapatos.

Mas, há mais. Seria de todo interessante estender a iniciativa aos gatos, os quais, no meio de muitas brigas, vão dividindo com os cães espaços nos lares humanos.

Outra situação maravilhosa seria, a meu ver, aproximar a Assembleia da República das raízes rurais de Portugal. Duvido da existência de um único deputado que não tenha qualquer tipo de relação com a província, por muito remota que seja.

Destas mentes brilhantes pode, muito bem, sair outro notável pensamento – criação do “Dia Nacional do Nabo”.

Só falta arranjar uma data à maneira. O local das comemorações seria na própria Assembleia da República. Por lá, pelos vistos, os nabos nem precisam de canteiros para fazer notar a sua presença...


joaorochagenio@hotmail.com

Crónica publicada a 12 junho de 2006 no jornal “A União” encerrado pela Diocese de Angra.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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