E, que tal, o “Dia
do Nabo”, além do Cão?
Em abono da verdade, a classe política
portuguesa não reúne as simpatias do povo, sobretudo quando o dito cujo não tem
mais nada para se entreter.
Os deputados, então, aparecem sempre
na mira da maledicência. As viagens-fantasmas e a recente gazeta na Assembleia
da República, que se traduziu na falta de quorum, em nada contribuíram para
amenizar a imagem pública dos nossos (abstencionistas à parte) eleitos.
Mas, há que saber admiti-lo, esta
gente é também capaz de rasgos de genialidade. O mais recente prende-se com a
apresentação de um projeto de resolução no Parlamento para instituir o dia 06
de junho como o "Dia Nacional do Cão".
O projeto de resolução, assinado por
deputados do PSD, justifica a iniciativa
por o cão ser um animal que vive junto do Homem desde a pré-história.
O mesmo grupo de sociais-democratas
sugere que o "Dia Nacional do Cão" deveria ser o mais próximo
possível do "Dia da Criança", que se comemora a 01 de junho.
Mesmo descontando eventuais deslizes,
a medida prova que, na realidade, ser deputado não é para qualquer cabeça.
Instituir o “Dia de Cão” é quase tão importante (os nossos amigos caninos até
acharão que é mais...) do que a descoberta da energia elétrica.
Pegando na corrente, diria mesmo que
só um grupo de iluminados, como os deputados, é que consegue ousar pensar tão
alto.
Depois do dia, bem poderia aparecer o
parlamento dos cães. O plenário (a eleição eventualmente teria a ver com a raça
dos “deputados”) seria o palco ideal para todos os Bobis e Tarzans deste país
denunciarem as verdadeiras tormentas que resultam do contacto diário com pulgas
e carrapatos.
Mas, há mais. Seria de todo
interessante estender a iniciativa aos gatos, os quais, no meio de muitas
brigas, vão dividindo com os cães espaços nos lares humanos.
Outra situação maravilhosa seria, a
meu ver, aproximar a Assembleia da República das raízes rurais de Portugal.
Duvido da existência de um único deputado que não tenha qualquer tipo de
relação com a província, por muito remota que seja.
Destas mentes brilhantes pode, muito
bem, sair outro notável pensamento – criação do “Dia Nacional do Nabo”.
Só falta arranjar uma data à maneira.
O local das comemorações seria na própria Assembleia da República. Por lá,
pelos vistos, os nabos nem precisam de canteiros para fazer notar a sua
presença...
Crónica publicada a 12 junho de 2006
no jornal “A União” encerrado pela Diocese de Angra.
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