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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

terça-feira, 21 de março de 2017

Do jornalista João Rocha

                                                            
                                                        




Doutores, engenheiros
e sempre burros
   


                                               





O “novo dicionário” resulta essencialmente das emergentes tecnologias comunicativas. Mensagens por telemóvel (SMS) e conversas no Messenger querem-se abreviadas.
Aliás, o velho querer deu lugar ao moderno kerer. Quem não conseguir perceber os novos conceitos linguísticos, recebe um conclusivo LOL (tradução livre do morrer a rir que vigorou no último milénio).

O espaço virtual ameaça fazer do real uma verdadeira relíquia de museu. No ecrã do computador encontra-se o mundo por inteiro.
Navega-se sentado, a comer se for preciso, fazendo da solidão um aliado que faz dispensar a cor, o cheiro e o barulho que a rua antes compartilhava em nome da amizade e brincadeira.
Não é necessário fazer-se contas de cabeça para passar o tempo. Na Internet, também cabem todas as combinações da tabuada.
Mexer no rato e dedilhar no teclado ensinam, sobretudo, a desenrascar. Aprender, ato consubstanciado na primária prática de queimar as pestanas no estudo, já passou à história, é coisa de caretas.
A maravilhosa “Net” é a responsável pelas brilhantes cabeças que tomarão conta dos destinos coletivos num futuro não muito longínquo.
A mesma “Net” que me permitiu, através do email, recolher estas “pérolas” extraídas das provas globais do já longínquo ano letivo de 2006/7.
Nos exames de Biologia, ficamos a saber que “As plantas se distinguem dos animais por só respirarem à noite”, “Os crustáceos fora de água respiram como podem”. “A insónia consiste em dormir ao contrário”, “Quando um animal irracional não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado”, “O coração é o único órgão que não deixa de funcionar 24 horas por dia”, “O Sol dá-nos luz, calor e turistas”, “A principal função da raiz é enterrar-se” e “O vento é uma imensa quantidade de ar”.
A História também teve idêntico tratamento de choque: “Na Grécia, a democracia funcionava muito bem porque os que não estavam de acordo envenenavam-se”, “As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia”, “A arquitetura gótica notabilizou-se por fazer edifícios verticais”, “Péricles foi o principal ditador da democracia Grega” e “Os Egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor”.
Olhando pela Geografia, descobre-se que “O petróleo apareceu há muitos séculos, numa época em que os peixes se afogavam dentro de água”, “O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades”, enquanto que a Geologia abre espaço à seguinte definição: “Terramoto é um pequeno movimento de terras não cultivadas”.
Não há que meter as mãos à cabeça, nem concluir que a Internet é responsável por tanta ignorância. Daqui a uns anitos, estou mais do que convencido, todos serão doutores e engenheiros, e obviamente, burros até ao caixão.


Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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