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segunda-feira, 3 de abril de 2017

Do jornal A União



ALAMBIQUE, JOSÉ VICENTE BETTENCOURT E DAVID JOSÉ


O ALAMBIQUE DA RUA DOS CANOS VERDES - Quando um dia destes entrei numa de prova de aguardente de Minas Gerais, recordei-me, desde logo, de um alambique que antigamente existia na Rua dos Canos Verdes, bem na esquina, ao lado da casa do “António da Amiga” (pai do Ricardo Rosa) e em frente à fábrica de refrigerantes do Frederico Vasconcelos. Nos tempos em que muita gente, ao domingo de manhã, gostava de tomar uma pinga vinda do referido alambique, cujo proprietário morava em Santa Luzia e pai do Manuel que trabalhou no Banco Português do Atlântico. Na verdade, não tenho ideia do nome do senhor. Só me lembro de ser forte, bem
disposto e que sempre aconselhava a aguardente de figo ou de nêspera. Lembro-me de o ver preparar as boas pingas para depois vender aos seus clientes que não eram poucos, sobretudo os “habitués” dos Quatro Cantos, Rua de Oliveira e óbvio da Rua dos Canos Verdes. Hoje, já não existem alambiques como o antigo da Rua dos Canos Verdes.

JOSÉ VICENTE BETTENCOURT – A firma Tomaz Borba, virada para as ferragens (por isso se dizia vamos à Loja de Ferragens do Tomaz Borba), sempre foi das mais procuradas, não só pelo “feeling” dos proprietários (senhor Tomaz e, depois da sua morte, o Joãozinho sempre com a sua esfuziante alegria). Na sequência desse fino trato com os clientes, cremos que passada dos patrões para os funcionários, dois deles sempre mereceram referências elogiosas, o Francisco “gato” (pai do José Gabriel Pimentel e do Paulo Jorge) e José Vicente Bettencourt, figura carismática da freguesia de Santa Luzia e não só. José Vicente Bettencourt, dentro dos condicionalismos que o rodeavam na época, mereceu o estatuto de ativista, primando também por uma educação digna dos maiores encómios, educação essa que transmitiu aos filhos os nossos bons amigos José Gabriel e Paulo Henrique. Nas coroações do Império da Rua do Conde, sempre víamos José Vicente Bettencourt colaborando. Só não sei quantas vezes foi mordomo, como sói dizer-se.

O CANÇONETISTA DAVID JOSÉ - O Sport Club Marítimo assinalou, no início do mês de maio (dia 4) mais um ano de vida, apesar das dificuldades com que atravessa a popular coletividade do bairro do Corpo Santo. Do passado que é histórico, desde um viveiro de jogadores às noites de fado que aos sábados decorriam na esplanada da sua sede social, realçamos a passagem do fadista continental David José que acabaria por se transformar em mais um nobre elemento da família da Cruz de Cristo. Com verdadeiro sentimento, David José passou a ser um dos nossos, como se dizia na altura. Daí que foi o intérprete da Marcha do Marítimo que nesta data sempre se recorda. Lembro-me que nas minhas passagens pelo Rádio Clube de Angra dizia ao João Luís, em data próxima ao dia 4 de maio, prepara a nossa marcha para esse dia. O João Luís que sempre foi um fervoroso maritimista. Talvez hoje se possa dizer: “já não há gente como a nossa”. O tempo do amor à camisola, do amor ao clube. Com todas as vicissitudes, para os maritimistas que ainda estão por cá, a nostalgia é coisa que nunca se perderá.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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