JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

terça-feira, 23 de maio de 2017

Do jornal A União






O TRINAS E O MOCETÃO


João de Sousa Trinas (RIP) foi um guarda-redes que marcou na sua época. Ainda me lembro, embora muito jovem (6-7 anos por aí), de alguns jogos, sobretudo de um frente ao Lusitânia em que andava “desvairado” na baliza, saindo a destempo, enfim, como hoje diria o Hélio Pereira: “uma maluca”.

Com o decorrer dos anos, João Trinas dedicou-se a massagista, servindo o Angrense e o Lusitânia. Creio que não passou por outros clubes. Na minha primeira digressão aos Estados Unidos e Canadá (com o Angrense em 1977), João Trinas fez parte da comitiva. Tinha a docemania pela fotografia e andava sempre com a máquina de fotografar. Muitas vezes éramos surpreendidos com o clik dessa mesma máquina (dispunha de várias). As fotos ele guardava religiosamente e, com essa prática ao longo dos anos, reunia tudo em álbuns. E não foram poucos. Quando faleceu, era enorme o seu espólio de fotografias. É possível que algum familiar tenha conservado esse mesmo espólio, nomeadamente o irmão.
Gostava muito de surpreender com as fotos e, nesse ano de digressão ao Canadá e Estados Unidos, fui um dos “seus visados”, sobretudo num passeio que efetuamos à ilha de Toronto e, também, a Niagara Falls. A partir daí andei com “olho na faca e olho na lapa”, como sói dizer-se na gíria popular.
Volvidos alguns anos, treinava os juvenis do Lusitânia e fomos a São Miguel realizar dois jogos particulares, um em Ponta Delgada e outro na Ribeira Grande. Massagista acompanhante, o João Trinas. Óbvio que não faltou a máquina fotográfica. Porém, numa bela tarde, quando descansávamos no Campo de São Francisco (jogo com o Marítimo da Calheta), o João Trinas pretendeu tirar uma foto a todo o grupo bem perto do coreto. Tudo bem. Para quem conhece, perto do coreto tinha (não sei se hoje ainda existe) um pequeno lago que o circundava. Nosso amigo João Trinas achou por bem colocar-se à beira do lago e, para cúmulo do azar (sobretudo dele), quando se preparava para o clik da ordem a máquina escorregou da mão e caiu dentro do lago. O Trinas ficou pior do que estragado e quando a malta entrava com ele, dirigiu-se a mim: “já sei que vamos ter notícia no jornal, é a tua vingança”. Claro que não perdi a oportunidade, como hoje, também, quando aqui recordo esse velho amigo, sempre pessoa educada e que, para além da sua dedicação como massagista, tinha na fotografia o seu maior “hobbie”. Apanhou muitos distraídos, nomeadamente nas deslocações. E hoje o que fará João Trinas no “outro lado da vida”? O Hélio diria: “essa maluca anda por lá a fotografar os anjinhos”. Saberemos na oportunidade. Fica agendado para quando lá chegarmos.
O MEU AMIGO MOCETÃO – O professor Rui Maurício Silva, figura grada do futebol nacional, mas que se afastou porque não tinha feitio para andar a “mendigar” clubes (nem precisava), foi um grande “gentlemen” quando em 1977 fui ao Benfica estagiar, era ele então adjunto (preparador físico) do técnico inglês John Mortimore. Mais tarde, era eu coordenador do futebol infantil da DDA e convidamos os professores Rui Silva, João Barnabé e Rui Calrão para ministrarem uma ação de formação. Uns meses depois, fui com os mesmos para idêntica ação que teve lugar em Portalegre. De Portalegre seguimos (sem o Rui Calrão) para Espanha com o fito de estarmos presentes no Mundial de Futebol, sobretudo os jogos do Brasil, até porque o professor Rui Silva casou com uma brasileira que, naturalmente, nos acompanhou. E com o João Barnabé presente não falta divertimento. Depois, em tempo seguinte, ainda lá estive em casa a comer uma feijoada à brasileira, tendo levado comigo o amigo Francisco Coelho, hoje presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Naquela altura, o Francisco cursava direito.
Quando John Mortimore veio para o Benfica pela segunda vez, escrevi um artigo de OPINIÃO em A Bola sobre essa mesma vinda, mencionando o tempo que com ele passei no Benfica conjuntamente com o Rui Silva que, claro, evidenciei nesse mesmo artigo. Uma semana depois, recebia um postal do Rui Silva com este dizer: “ainda há alguém que se lembra de mim”. Claro “próf” é sempre um velho amigo que não esquecerei. Hoje não sei do seu paradeiro. Só ouvi dizer que, depois de aposentado (a esposa também), passa seis meses em Portugal e seis no Brasil. Será que ainda o vou encontrar por aqui? Este Brasil é imenso, mas tenho sempre presente a velha máxima de que o mundo é pequeno.
De resto, ainda hoje nos recordamos na sua célebre frase: “o mocetão”. Era assim que chamava aquela malta que participou na ação de formação. E, para nós, Rui Silva ficou a ser conhecido por “mocetão”.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário