O TRINAS E O MOCETÃO
João de Sousa Trinas (RIP) foi um guarda-redes
que marcou na sua época. Ainda me lembro, embora muito jovem (6-7 anos por aí),
de alguns jogos, sobretudo de um frente ao Lusitânia em que andava “desvairado”
na baliza, saindo a destempo, enfim, como hoje diria o Hélio Pereira: “uma
maluca”.
Com o decorrer dos anos, João Trinas dedicou-se a massagista, servindo o
Angrense e o Lusitânia. Creio que não passou por outros clubes. Na minha
primeira digressão aos Estados Unidos e Canadá (com o Angrense em 1977), João
Trinas fez parte da comitiva. Tinha a docemania pela fotografia e andava sempre
com a máquina de fotografar. Muitas vezes éramos surpreendidos com o clik dessa
mesma máquina (dispunha de várias). As fotos ele guardava religiosamente e, com
essa prática ao longo dos anos, reunia tudo em álbuns. E não foram poucos.
Quando faleceu, era enorme o seu espólio de fotografias. É possível que algum
familiar tenha conservado esse mesmo espólio, nomeadamente o irmão.
Gostava muito de surpreender com as fotos e, nesse ano de digressão ao Canadá e
Estados Unidos, fui um dos “seus visados”, sobretudo num passeio que efetuamos
à ilha de Toronto e, também, a Niagara Falls. A partir daí andei com “olho na
faca e olho na lapa”, como sói dizer-se na gíria popular.
Volvidos alguns anos, treinava os juvenis do Lusitânia e fomos a São Miguel
realizar dois jogos particulares, um em Ponta Delgada e outro na Ribeira
Grande. Massagista acompanhante, o João Trinas. Óbvio que não faltou a máquina
fotográfica. Porém, numa bela tarde, quando descansávamos no Campo de São
Francisco (jogo com o Marítimo da Calheta), o João Trinas pretendeu tirar uma
foto a todo o grupo bem perto do coreto. Tudo bem. Para quem conhece, perto do
coreto tinha (não sei se hoje ainda existe) um pequeno lago que o circundava.
Nosso amigo João Trinas achou por bem colocar-se à beira do lago e, para cúmulo
do azar (sobretudo dele), quando se preparava para o clik da ordem a máquina
escorregou da mão e caiu dentro do lago. O Trinas ficou pior do que estragado e
quando a malta entrava com ele, dirigiu-se a mim: “já sei que vamos ter notícia
no jornal, é a tua vingança”. Claro que não perdi a oportunidade, como hoje,
também, quando aqui recordo esse velho amigo, sempre pessoa educada e que, para
além da sua dedicação como massagista, tinha na fotografia o seu maior
“hobbie”. Apanhou muitos distraídos, nomeadamente nas deslocações. E hoje o que
fará João Trinas no “outro lado da vida”? O Hélio diria: “essa maluca anda por
lá a fotografar os anjinhos”. Saberemos na oportunidade. Fica agendado para
quando lá chegarmos.
O MEU AMIGO MOCETÃO – O professor Rui Maurício Silva, figura grada do futebol
nacional, mas que se afastou porque não tinha feitio para andar a “mendigar”
clubes (nem precisava), foi um grande “gentlemen” quando em 1977 fui ao Benfica
estagiar, era ele então adjunto (preparador físico) do técnico inglês John
Mortimore. Mais tarde, era eu coordenador do futebol infantil da DDA e
convidamos os professores Rui Silva, João Barnabé e Rui Calrão para ministrarem
uma ação de formação. Uns meses depois, fui com os mesmos para idêntica ação
que teve lugar em Portalegre. De Portalegre seguimos (sem o Rui Calrão) para
Espanha com o fito de estarmos presentes no Mundial de Futebol, sobretudo os
jogos do Brasil, até porque o professor Rui Silva casou com uma brasileira que,
naturalmente, nos acompanhou. E com o João Barnabé presente não falta
divertimento. Depois, em tempo seguinte, ainda lá estive em casa a comer uma
feijoada à brasileira, tendo levado comigo o amigo Francisco Coelho, hoje
presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Naquela altura, o
Francisco cursava direito.
Quando John Mortimore veio para o Benfica pela segunda vez, escrevi um artigo
de OPINIÃO em A Bola sobre essa mesma vinda, mencionando o tempo que com ele
passei no Benfica conjuntamente com o Rui Silva que, claro, evidenciei nesse
mesmo artigo. Uma semana depois, recebia um postal do Rui Silva com este dizer:
“ainda há alguém que se lembra de mim”. Claro “próf” é sempre um velho amigo
que não esquecerei. Hoje não sei do seu paradeiro. Só ouvi dizer que, depois de
aposentado (a esposa também), passa seis meses em Portugal e seis no Brasil.
Será que ainda o vou encontrar por aqui? Este Brasil é imenso, mas tenho sempre
presente a velha máxima de que o mundo é pequeno.
De resto, ainda hoje nos recordamos na sua célebre frase: “o mocetão”. Era
assim que chamava aquela malta que participou na ação de formação. E, para nós,
Rui Silva ficou a ser conhecido por “mocetão”.
Sem comentários:
Enviar um comentário