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sexta-feira, 12 de maio de 2017

Do jornalista João Rocha




Rapazes e meninas
num mundo à parte

                                                                                  
                                            


Os meus dois irmãos mais velhos ainda apanharam na escola primária os espaços divididos pelos sexos: meninas para um lado, os rapazes por outro.

Com a revolução dos cravos as salas passaram a ser mistas, mas, em abono da verdade e tendo como referência temporal a “minha época”, as diferenças entre o masculino/feminino eram mais do que notórias.
Para já, se um rapaz ousasse partilhar a carteira com uma miúda, arriscava o título de “mariquinhas” até quase ir para a tropa.
Eram dois mundos distintos. Brincar aos polícias/ladrões e jogar à bola eram coisas só para rapazes, nem se imaginando sequer a presença à distância daquelas estranhas “criaturas” com totós e fitinhas no cabelo, que se entretinham à volta das bonecas.
Nós, do clã masculino, mantínhamos a ideia de que as meninas não sabiam conversar e partilhar preferências.
Como era possível não gostar de ver futebol, apanhar moscas e lagartixas ou tirar macacos do nariz?...
Umas parvas estas raparigas, que davam mostras claras de não possuírem mais do que meio neurónio.
Enfim, passado pouco tempo, a malta começa a gostar delas e deixa de constituir um bicho-de-sete-cabeças as nuances comportamentais até no ato de fazer chichi.
Dançar um slow era um feito para falatório durante um mês e, se por acaso uma miúda olhasse para nós na rua (embora aí a imaginação também tivesse uma palavra a dizer), éramos até capazes de ver estrelas num dia com neblinas.
Hoje, sem margem para grande discussão, os antagonismos estão esbatidos. Até no vestuário, e outros acessórios como os brincos, as particularidades deixaram totalmente de seguir a tradição de que o rosa era para a menina e o azul destinava-se ao menino.
Mesmo à conta da aplicação de umas discutíveis quotas, a igualdade de género está a ganhar forma de realidade cada vez mais consistente e, muito obviamente, as mulheres souberam ocupar o seu espaço no mundo quotidiano (família/emprego/sociedade), o qual é, sem tirar nem pôr, rigorosamente idêntico ao dos homens.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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