(TODOS CANTAM A MÚSICA “A
ESPERANÇA É CASAR COM VOCÊ” ATÉ O FIM.)
ALICE – Joga o buquê, Roberta!
ROBERTA – Antes de jogar,
quero falar o poema de Marlene Gandra:
Eternidade
Pelos flamboyants à beira do
Itapecerica
e pelo próprio rio
eu lhe prometo
estar sempre atenta
na alegria e na tristeza
e que nem o apocalipse
arrancará de mim
o deslumbramento de amar você.
TODOS: Viva! (ELA JOGA O BUQUÊ
PARA A PLATEIA)
(SAEM TODOS COMENDO PIPOCA. AS
CRIANÇAS VÃO ATÉ MADRE DELMINDA)
JONATHAN – Oi!
MADRE DELMINDA – Engraçado, eu
estava aqui viajando na poesia de Marlene Gandra e você me inspira mais uma:
Boca gostosa
Nada melhor
que toda manhã
sentir na pele
um sorriso sapeca
uma boca gostosa
me dizendo, oi!
ALICE – O que a senhora está
lendo?
MADRE DELMINDA – Estou lendo
Perspicácia da noite de Maria de Fátima Quadros. Olha que lindo:
‘‘Noite que é vista através da vidraça, por uns até
sem poesia.’’
Bonito né? Olha outro:
“Noite fria para a criança que dorme na cama molhada.’’
ALICE – Bonito mesmo! Madre,
como surgiu a poesia?
FRANTIESKA – Esta eu sei. Foi
a Marlene Gandra que descobriu.
hortênsias e gerânios
a poesia surgiu
quando comíamos doces
numa sala de escritório
ele ajeitou os papéis
dobrou o guardanapo
e me falou
de hortênsias e gerânios
ALICE – É simples assim:
ANNA – É. Como diz Fernando Teixeira no seu poema Simplesmente:
Viver
simplesmente.
A noite viaja
no céu
do homem.
Morrer
simplesmente.
O céu viaja
na noite
do homem.
ALICE – Eu conheço uma de
Fernando Teixeira.
Pedido
Não a palavra,
Senhor,
mas a sílaba longa
do silêncio.
E por falar em silêncio, está
na hora de rezar.
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