FOI
UM DIRIGENTE DE ELEIÇÃO
A vida tem encontros, desencontros, seguimentos
de situações, enfim, muita coisa que às vezes até não acreditamos que elas
acontecem ou aconteceram em tempos mais remotos.
Tinha eu cerca de 15 anos de idade, jogava nos Principiantes do Marítimo e,
embora por pouco tempo, fui empregado na empresa de representação de iates
(Santo Amaro, Terral Alta, Espírito Santo) de Albano de Oliveira Ribeiro e cujo
escritório se situava ao lado da Casa Chinesa, enquanto que o armazém
funcionava na Rua do Espírito Santo. No escritório, chefiando, um senhor (Tomás
Silva?) oriundo da Graciosa e que veio para a Terceira na companhia da esposa e
dos seus dois filhos. Era, de fato, uma pessoa extraordinária e que, na
ausência do Albano, me facultava a ida aos treinos (duas vezes por semana).
Dizia-me sempre: “cuidado para que o Albano não tome conhecimento que te
dispensei”. Sempre que tínhamos um tempinho (que era raro naquela casa), o dito
senhor falava-me dos seus filhos que trabalhavam na Base das Lajes,
acrescentando que um era do Lusitânia e outro do Angrense. Naquela altura, só
conhecia os que eram do Marítimo e os verdes e encarnados mais conhecidos no burgo,
entre outros Dr. José Correia Bretão, João Batista da Silva, Adalberto Pinheiro
Bettencourt. Enfim, os mais carismáticos dessa época de acesa rivalidade entre
Lusitânia e Angrense.
Mais tarde, finalmente, já com a idade de sénior, é que vim a conhecer os
filhos do senhor Silva. Um do Angrense e o outro do Lusitânia. Pelo lado do
Angrense, Ildefonso Manuel Pereira da Silva, e do Lusitânia, João Silva. Ambos
foram dirigentes. E foi no ano em que Ildefonso Silva presidia aos destinos do
Angrense que eu aceitei o cargo de treinador da equipa de juvenis do clube. Com
Ildefonso Silva fui mantendo uma maior ligação, inclusive com o irmão quando
regressei de Angola em 1967. Como árbitro, época de 1967-68, apanhei João Silva
na qualidade de dirigente do Lusitânia.
Ildefonso Manuel Pereira da Silva foi, e manda a verdade dizer, um dirigente de
eleição, inclusive quando passou pela Associação de Futebol de Angra do
Heroísmo. Ele que representou a AFAH na célebre reunião relacionada com o jogo
da Taça de Portugal entre o Lusitânia e o Porto, jogo esse que não se realizou
pelo fato do Porto ter ficado retido em Santa Maria e, depois, regressar à
Cidade Invicta. Em ata federativa, assinada por Ildefonso Silva, o
representante do Futebol Clube do Porto e o secretário-geral da FPF, Afonso Vaz
Lacerda (RIP), ficou acordado que o Porto (levou, nesse mesmo ano, 6-2 do
Benfica na final da Taça de Portugal) realizaria um jogo particular em Angra, o
que nunca aconteceu. É uma história (48 anos) que já tem “barbas brancas”, obviamente
com o Porto em falta.
Não podia, de forma alguma, nesta série de textos que tenho apresentado neste
jornal, deixar de trazer à estampa a figura de Ildefonso Manuel Pereira da
Silva, um dirigente que sempre primou por uma paradigmática verticalidade.
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