Pintaram
a cara de preto
Sempre
gostei, nas viagens, de engendrar umas partidinhas aos amigos e colegas de
profissão. Como eles diziam, fazia as minhas pela calada. Andava sempre com...
olho na faca e olho na lapa, como sói dizer-se, para não ser
apanhado. Porém,
numa dessas viagens, no regresso a casa, peguei no sono no avião, o que
raramente acontecia. Este foi, pois, o dia deles. Quando o avião aterrou,
acordei. Toda a gente ria, eu também sem saber de quê e porquê. À saída do
avião, a hospedeira perguntou-me se eu não tinha lavado a cara. Disse-lhe, com
toda a naturalidade, que sempre tomo o meu banho antes de sair. Mas ela
aconselhou-me a ir ao WC ver a minha cara. Lá fui. Tinha a cara toda pintada de
preto. Desta vez fui a vítima. Um dia isso tinha que acontecer. Obra de quem?
Pois claro, do Dionísio, do Carlos Alberto Silva Sousa, do Paulo Marcelino, do
João Amaro, para citar apenas estes. A tal mística do Lusitânia, prenhe de
alegria e de inusitada camaradagem.
Muito
mais tarde, fui apanhado de novo, carreguei com uma embalagem de pedras
grandes. Deixaram na recepção do ISEF, pedindo para eu levar para o Açores para
o meu amigo Valdiro, azulejos para a casa que ele estava a construir. Nada de
azulejos, pedras enormes. Filhos da mãe, esta foi a melhor de todas. Daí para a
frente, nunca mais fui o visado. Mas paguei, bem caro, pelas partidas que fiz
aos colegas e amigos.
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