Animais à mesa e donos à porta
A Assembleia da
República aprovou, na última sexta-feira, a entrada de animais de estimação em
espaços fechados de cafés e restaurantes, além dos já autorizados cães de
assistência.
A iniciativa partiu do PAN (partido
que, supostamente, representa Pessoas, Animais e Natureza, embora só conte com
um deputado), depois de ter remetido uma petição ao Parlamento a propor uma
alteração à legislação de 2015, que proíbe a entrada de animais mesmo que
o proprietário do estabelecimento o autorize.
O projeto de lei agora
apresentado pelo PAN prevê a entrada de animais em espaços fechados de
restauração e bebidas, salvaguardando que os animais não tenham acesso a áreas
de maneio e confeção de alimentos.
Aí, no meu modesto
entender, a Assembleia da República perdeu uma oportunidade única de fazer
história.
O lema para tudo que
envolva animais deveria ser, à semelhança do inspirador PREC – Período
Revolucionário em Curso, Proibido Proibir.
Nada como ser ousado.
Os animais de companhia merecem, no mínimo, o mesmo tratamento concedido aos
seus donos.
Se, na ementa, está
reservada uma opção para os vegetarianos, não vejo o motivo para a inexistência
de sugestões destinadas aos nossos bicharocos.
Um gato tem o legítimo
direito de visitar a cozinha e miar a pedir peixe fresco. Já o cão bem pode
ladrar por um suculento bife.
O poder interventivo
do dono do estabelecimento comercial deve limitar-se a evitar situações
fraturantes em termos emocionais como, por exemplo, sugerir um cachorro quente
ao melhor amigo do homem.
Os cafés, restaurantes
e similares têm de assumir uma funcionalidade tipo “Arca de Noé”, onde ninguém
é excluído.
De resto, nem sei
mesmo se os ditos animais de estimação precisam de estar acompanhados nos
espaços em causa.
O meu sonho passa por
ver, à mesma mesa, gatos, cães (desde o pequeno Chihuahua ao ternurento Rottweiler)
e outros representantes do reino animal doméstico.
Competem aos donos ficar
à porta para posteriormente buscar os animais
e pagar a respetiva
conta. Caso se comportem bem ao volante, serão agraciados pelo Bobi ou Tareco com
um osso repleto de carne a justificar bons dentes ou placa dentária consistente
como o betão armado.
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