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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Do jornalista João Rocha


Animais à mesa e donos à porta



A Assembleia da República aprovou, na última sexta-feira, a entrada de animais de estimação em espaços fechados de cafés e restaurantes, além dos já autorizados cães de assistência. 

 A iniciativa partiu do PAN (partido que, supostamente, representa Pessoas, Animais e Natureza, embora só conte com um deputado), depois de ter remetido uma petição ao Parlamento a propor uma alteração à legislação de 2015, que proíbe a entrada de animais mesmo que o proprietário do estabelecimento o autorize.
O projeto de lei agora apresentado pelo PAN prevê a entrada de animais em espaços fechados de restauração e bebidas, salvaguardando que os animais não tenham acesso a áreas de maneio e confeção de alimentos.
Aí, no meu modesto entender, a Assembleia da República perdeu uma oportunidade única de fazer história.
O lema para tudo que envolva animais deveria ser, à semelhança do inspirador PREC – Período Revolucionário em Curso, Proibido Proibir.
Nada como ser ousado. Os animais de companhia merecem, no mínimo, o mesmo tratamento concedido aos seus donos.
Se, na ementa, está reservada uma opção para os vegetarianos, não vejo o motivo para a inexistência de sugestões destinadas aos nossos bicharocos.
Um gato tem o legítimo direito de visitar a cozinha e miar a pedir peixe fresco. Já o cão bem pode ladrar por um suculento bife.
O poder interventivo do dono do estabelecimento comercial deve limitar-se a evitar situações fraturantes em termos emocionais como, por exemplo, sugerir um cachorro quente ao melhor amigo do homem.
Os cafés, restaurantes e similares têm de assumir uma funcionalidade tipo “Arca de Noé”, onde ninguém é excluído.
De resto, nem sei mesmo se os ditos animais de estimação precisam de estar acompanhados nos espaços em causa.
O meu sonho passa por ver, à mesma mesa, gatos, cães (desde o pequeno Chihuahua ao ternurento Rottweiler) e outros representantes do reino animal doméstico.
Competem aos donos ficar à porta para posteriormente buscar os animais

e pagar a respetiva conta. Caso se comportem bem ao volante, serão agraciados pelo Bobi ou Tareco com um osso repleto de carne a justificar bons dentes ou placa dentária consistente como o betão armado.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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