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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

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NEW MÉXICO: EXPLORADORES, POVOADORES & MISSIONÁRIOS (I)




O estado norteamericano, New México - juntamente com Colorado ao norte; Oklahoma e Texas ao leste; Texas e México ao sul; e Arizona a oeste - está a celebrar o quadricentésimo aniversário da chegada dos povoadores católicos a esta parcela do território dos Índios, habitantes nativos do continente americano. 

Foi há já quatrocentos anos - antes da «Mayflower» e do «Jamestown» - que o Cristianismo aqui chegou, trazido pelos frades franciscanos, palmilhando milhas sem conta, na companhia de exploradores espanhóis.

Isto em 1598, antes da vinda dos «Pilgrims» (peregrinos) a bordo da embarcação «Mayflower» que, zarpando de Plymouth (Inglaterra) em Setembro de 1620, avistaria o Cape Cod (Cabo do Bacalhau) em Novembro, ancorando na área hoje conhecida por Provincetown, p'ra no mês seguinte fundear noutra localidade, onde decidiram «estabelecer residência», dando-lhe o nome de Plymouth Plantation. 

Jamestown, o primeiro povoado permanente dos ingleses nos Estados Unidos, foi fundado em Maio de 1607 pela «Virginia Company of London», que armou e equipou três embarcações com 105 povoadores. Estes chamaram «Cidade do Jaime», em homenagem ao rei Jaime I que, no ano anterior, havia entregado o «charter» (alvará) à Companhia Virgília de Londres. 

Virgínia, por sua vez, tornar-se-ia o nome de outro estado norteamericano, conservando assim a alcunha original da primeira colónia inglesa (não permanente) na América. 

Deve-se à raínha Elizabeth I, em 1548, a imposição do nome VIRGINIA, visto ser ela conhecida por «Virgin Queen» (Raínha Virgem). Foi ela quem ordenou que, doravante, se chamasse Virginia a toda a região, costeira e atlântica, reclamada ou reivindicada pelo súbditos de Sua Alteza e Virgindade... fazendo jus ao ditado: «Presunção e água benta, cada um dá o que tem!» 

Foi aos 30 de Abril de 1598 que, após terem atravessado o Rio Grande, os espanhóis celebraram a Eucaristia (Missa) e atribuíram a Deus e ao Rei de Espanha a posse do novo território, a que deram o nome de Nuevo México, e que passaria a servir de fronteira nortenha ao Império espanhol no Novo Mundo. 

Esta expedição, comandada por Juan de Oñate, era composta por 400 soldados, (dos quais 130 faziam-se acompanhar das respectivas famílias), incluíndo grande número de «wagons» (carroças), muito gado... mais a «presença indispensável» de missionários que, neste caso, eram frades franciscanos. 

Não foi esta, porém, a primeira viagem de exploração, efectuada a terras desconhecidas do continente norteamericano. Muitas outras tiveram lugar, anteriormente, e sucessivamente - em intervalos - nos anos 1539, 1540, 1583 e 1590, todas elas à procura de «Glória, Ouro e Deus». 

O nome NUEVO MÉXICO afirma-se ter sido usado, inicialmente, por Frei Jacinto de San Francisco em 1561, e acabou por ser aplicado à região originalmente povoada, durante séculos, pelos índios PUEBLOS, alcunha legada em 1540 pelos exploradores espanhóis, chefiados por Francisco Vásquez Coronado, quando «entraram» no que hoje é conhecido por Arizona e, claro, New México. 

No entanto, deve-se a Frei Marcos de Niza a primeira «entrada planeada» no território em 1539, desconhecendo-se embora se ele alcançou o seu objectivo, que era a descoberta das fabulosas Sete Cidades de CÍBOLA... cidades lendárias com a reputação de possuírem imensas riquezas em ouro. 

Frei Marcos de Niza aplicou, igualmente, o nome Sete Cidades de Cíbola a várias vilas dos Índios Zuñi, e as suas fantásticas «crónicas» serviram de «chamariz» p'rá expedição do ano seguinte (1540), sob o comando de Francisco Vásquez Coronado, que partiu à «cata» dos famigerados tesouros, e acabou por regressar de mãos vazias, dois anos depois, deixando atrás os corpos de Frei Juan de Padilla e Frei Luís de Escalona, mortos pelos índios Zuñi. 

Na longa história do New México, estes dois frades-missionários foram os primeiros mártires a «derramar o sangue pela causa da fé cristã». 

Se é certo que as riquezas iludiram Coronado, a sua «excursão» não foi, no fim de contas, um aparente fracasso, pois ele - valorosamente - conseguiu «desbravar» áreas compreendendo partes «hoje» do Colorado River, Grande Canyon, Oklahoma, Texas e Kansas. 

Esta expedição, aliás, tornou-se bastante valiosa com a publicação duma RELACIÓN, escrita por Pedro de Castañeda, (companheiro de Coronado), descrevendo o cenário dessa jornada, incluíndo as primeiras informações àcerca dos búfalos, povoados e campinas do New México. 

Um par de gerações transcorreu sem quaisquer indícios de novas explorações, até «aparecer em cena» (1581) o missionário franciscano, Frei Agustín Rodriguez, como veremos na próxima crónica. 


Pe. José A. Ferreira 
San Leandro, Califórnia
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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