NEW MÉXICO: EXPLORADORES, POVOADORES & MISSIONÁRIOS (I)
O estado norteamericano, New México - juntamente com Colorado ao norte;
Oklahoma e Texas ao leste; Texas e México ao sul; e Arizona a oeste - está a
celebrar o quadricentésimo aniversário da chegada dos povoadores católicos a
esta parcela do território dos Índios, habitantes nativos do continente
americano.
Foi há já quatrocentos anos - antes da «Mayflower» e do «Jamestown» - que o
Cristianismo aqui chegou, trazido pelos frades franciscanos, palmilhando milhas
sem conta, na companhia de exploradores espanhóis.
Isto em 1598, antes da vinda dos «Pilgrims» (peregrinos) a bordo da embarcação
«Mayflower» que, zarpando de Plymouth (Inglaterra) em Setembro de 1620,
avistaria o Cape Cod (Cabo do Bacalhau) em Novembro, ancorando na área hoje
conhecida por Provincetown, p'ra no mês seguinte fundear noutra localidade,
onde decidiram «estabelecer residência», dando-lhe o nome de Plymouth
Plantation.
Jamestown, o primeiro povoado permanente dos ingleses nos Estados Unidos, foi
fundado em Maio de 1607 pela «Virginia Company of London», que armou e equipou
três embarcações com 105 povoadores. Estes chamaram «Cidade do Jaime», em
homenagem ao rei Jaime I que, no ano anterior, havia entregado o «charter»
(alvará) à Companhia Virgília de Londres.
Virgínia, por sua vez, tornar-se-ia o nome de outro estado norteamericano,
conservando assim a alcunha original da primeira colónia inglesa (não
permanente) na América.
Deve-se à raínha Elizabeth I, em 1548, a imposição do nome VIRGINIA, visto ser
ela conhecida por «Virgin Queen» (Raínha Virgem). Foi ela quem ordenou que,
doravante, se chamasse Virginia a toda a região, costeira e atlântica,
reclamada ou reivindicada pelo súbditos de Sua Alteza e Virgindade... fazendo
jus ao ditado: «Presunção e água benta, cada um dá o que tem!»
Foi aos 30 de Abril de 1598 que, após terem atravessado o Rio Grande, os
espanhóis celebraram a Eucaristia (Missa) e atribuíram a Deus e ao Rei de
Espanha a posse do novo território, a que deram o nome de Nuevo México, e que
passaria a servir de fronteira nortenha ao Império espanhol no Novo
Mundo.
Esta expedição, comandada por Juan de Oñate, era composta por 400 soldados,
(dos quais 130 faziam-se acompanhar das respectivas famílias), incluíndo grande
número de «wagons» (carroças), muito gado... mais a «presença indispensável» de
missionários que, neste caso, eram frades franciscanos.
Não foi esta, porém, a primeira viagem de exploração, efectuada a terras
desconhecidas do continente norteamericano. Muitas outras tiveram lugar,
anteriormente, e sucessivamente - em intervalos - nos anos 1539, 1540, 1583 e
1590, todas elas à procura de «Glória, Ouro e Deus».
O nome NUEVO MÉXICO afirma-se ter sido usado, inicialmente, por Frei Jacinto de
San Francisco em 1561, e acabou por ser aplicado à região originalmente
povoada, durante séculos, pelos índios PUEBLOS, alcunha legada em 1540 pelos
exploradores espanhóis, chefiados por Francisco Vásquez Coronado, quando
«entraram» no que hoje é conhecido por Arizona e, claro, New México.
No entanto, deve-se a Frei Marcos de Niza a primeira «entrada planeada» no
território em 1539, desconhecendo-se embora se ele alcançou o seu objectivo,
que era a descoberta das fabulosas Sete Cidades de CÍBOLA... cidades lendárias
com a reputação de possuírem imensas riquezas em ouro.
Frei Marcos de Niza aplicou, igualmente, o nome Sete Cidades de Cíbola a várias
vilas dos Índios Zuñi, e as suas fantásticas «crónicas» serviram de «chamariz»
p'rá expedição do ano seguinte (1540), sob o comando de Francisco Vásquez
Coronado, que partiu à «cata» dos famigerados tesouros, e acabou por regressar
de mãos vazias, dois anos depois, deixando atrás os corpos de Frei Juan de
Padilla e Frei Luís de Escalona, mortos pelos índios Zuñi.
Na longa história do New México, estes dois frades-missionários foram os
primeiros mártires a «derramar o sangue pela causa da fé cristã».
Se é certo que as riquezas iludiram Coronado, a sua «excursão» não foi, no fim
de contas, um aparente fracasso, pois ele - valorosamente - conseguiu
«desbravar» áreas compreendendo partes «hoje» do Colorado River, Grande Canyon,
Oklahoma, Texas e Kansas.
Esta expedição, aliás, tornou-se bastante valiosa com a publicação duma
RELACIÓN, escrita por Pedro de Castañeda, (companheiro de Coronado), descrevendo
o cenário dessa jornada, incluíndo as primeiras informações àcerca dos búfalos,
povoados e campinas do New México.
Um par de gerações transcorreu sem quaisquer indícios de novas explorações, até
«aparecer em cena» (1581) o missionário franciscano, Frei Agustín Rodriguez,
como veremos na próxima crónica.
Pe. José A. Ferreira
San Leandro, Califórnia
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