KANGAROO
Mark Weisbrot dirige o Centro de Pesquisa Econômica
e Politica, em Washington. Ele escreveu um artigo para o “New York Times” de
ontem, sobre o julgamento de Lula, com o titulo “A democracia brasileira é
empurrada para o abismo”. Weisbrot não acreditava na imparcialidade da corte e,
no seu artigo, lembra que o juiz que presidiria o painel de apelação já tinha
chamado a sentença original do Sergio Moro de “tecnicamente irreparável” e sua
chefe de
gabinete já publicara no seu Facebook uma petição pela prisão do
ex-presidente, antes de saber o resultado da apelação. O abismo de que escreve
Weisbrot é uma queda no passado. Segundo ele, a democracia no Brasil nunca
esteve tão frágil, desde o fim do regime militar.
Weisbrot cita dois exemplos
do que chama de evidente parcialidade de Moro, quando este autorizou a condução
coercitiva do Lula - que se oferecera para depor voluntariamente - só pelo
espetáculo midiático, e depois a publicação da gravação de uma conversa
telefônica entre Lula e a presidente Dilma, proibida por lei. Quanto às
acusações que resultaram na condenação de Lula a nove anos de prisão,
tecnicamente irreparáveis segundo o presidente do painel de apelação, Weisbrot
diz que elas nunca seriam levadas a sério, por exemplo, no sistema judicial
americano. Nos Estados Unidos o julgamento em curso do Lula poderia ser um
exemplo do que eles chamam de “kangaroo court”, um tribunal irregular reunido
unicamente para condenar, e danem-se as provas.
Não sei de onde o mr. Weisbrot tira sua informação
e qual é o pito ideológico que ele toca, mas fora alguns exageros como o abismo
que vai nos engolir, o Brasil que ele enxerga lá de Washington é esse mesmo.
Ele identifica a deposição da Dilma como o primeiro ato da exceção que vivemos
agora, cujo objetivo indiscutível é barrar o futuro politico do Lula e do PT.
Enfim, no momento em que escrevo, ninguém sabe o
que aconteceu ontem - pra que lado pulou o canguru - e muito menos o que vai
acontecer amanhã. Só espero que poupem o país da imagem do Lula arrastando
correntes com os pés.
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