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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Do poeta-jornalista-escritor Luís Fernando Veríssimo



KANGAROO

Mark Weisbrot dirige o Centro de Pesquisa Econômica e Politica, em Washington. Ele escreveu um artigo para o “New York Times” de ontem, sobre o julgamento de Lula, com o titulo “A democracia brasileira é empurrada para o abismo”. Weisbrot não acreditava na imparcialidade da corte e, no seu artigo, lembra que o juiz que presidiria o painel de apelação já tinha chamado a sentença original do Sergio Moro de “tecnicamente irreparável” e sua chefe de
gabinete já publicara no seu Facebook uma petição pela prisão do ex-presidente, antes de saber o resultado da apelação. O abismo de que escreve Weisbrot é uma queda no passado. Segundo ele, a democracia no Brasil nunca esteve tão frágil, desde o fim do regime militar.
Weisbrot cita dois exemplos do que chama de evidente parcialidade de Moro, quando este autorizou a condução coercitiva do Lula - que se oferecera para depor voluntariamente - só pelo espetáculo midiático, e depois a publicação da gravação de uma conversa telefônica entre Lula e a presidente Dilma, proibida por lei. Quanto às acusações que resultaram na condenação de Lula a nove anos de prisão, tecnicamente irreparáveis segundo o presidente do painel de apelação, Weisbrot diz que elas nunca seriam levadas a sério, por exemplo, no sistema judicial americano. Nos Estados Unidos o julgamento em curso do Lula poderia ser um exemplo do que eles chamam de “kangaroo court”, um tribunal irregular reunido unicamente para condenar, e danem-se as provas.
Não sei de onde o mr. Weisbrot tira sua informação e qual é o pito ideológico que ele toca, mas fora alguns exageros como o abismo que vai nos engolir, o Brasil que ele enxerga lá de Washington é esse mesmo. Ele identifica a deposição da Dilma como o primeiro ato da exceção que vivemos agora, cujo objetivo indiscutível é barrar o futuro politico do Lula e do PT.
Enfim, no momento em que escrevo, ninguém sabe o que aconteceu ontem - pra que lado pulou o canguru - e muito menos o que vai acontecer amanhã. Só espero que poupem o país da imagem do Lula arrastando correntes com os pés.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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