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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Os "Monstros Sagrados" jamais serão esquecidos - Machado de Assis



 É justo pensar a ficção machadiana sob a ótica da ironia, da contradição e da aporia. A abordagem histórico-sociológica, encabeçada por Roberto Schwarz, tornou-se, com folga de mérito, paradigmática para a compreensão da obra machadiana, ao compreender o modo pelo qual a própria forma ficcional se informa pelas contradições e aporias de uma sociedade. Essa abordagem
trouxe, porém, dois inconvenientes: ela desmentiu a aspiração de se atribuir uma filosofia genuína aos narradores e, no limite, ao próprio Machado de Assis, já que a ideia de filosofia teria de se reduzir a desconversa ideológica ou a metafísica insossa; e ela provocou uma retração das interpretações filosóficas da obra machadiana, cujo refluxo vivenciamos e cujos esforços teóricos culminaram com o reconhecimento, pela Stanford University, da importância da ficção machadiana para a filosofia da América Latina. Este livro é um relato do que significa falar da filosofia na obra de Machado de Assis. Contextualizada, ela é uma alternativa às tendencias de pensamento do século XIX,  quer emoldurado no pensamento positivista, quer emoldurado no ecletismo espiritualista, quer no modus vivendi instituído pelas novas relações de poder. Machado de Assis esboça conjecturas que descrevem as relações paradoxais do ser humano, efetivando, de maneira filosófica, as aporias no texto. Esse tipo de filosofia cética se caracteriza pela valorização do exame de um problema em detrimento de sua resolução. Por isso, a análise dos procedimentos retóricos desse autor, em especial a aporia e a ironia, nos dá pistas a respeito do pensamento filosófico subjacente a sua ficção. 

 

Machado de Assis: o filósofo brasileiro


Alex Lara Martins

É justo pensar a ficção machadiana sob a ótica da ironia, da contradição e da aporia. A abordagem histórico-sociológica, encabeçada por Roberto Schwarz, tornou-se, com folga de mérito, paradigmática para a compreensão da obra machadiana, ao compreender o modo pelo qual a própria forma ficcional se informa pelas contradições e aporias de uma sociedade. Essa abordagem trouxe, porém, dois inconvenientes: ela desmentiu a aspiração de se atribuir uma filosofia genuína aos narradores e, no limite, ao próprio Machado de Assis, já que a ideia de filosofia teria de se reduzir a desconversa ideológica ou a metafísica insossa; e ela provocou uma retração das interpretações filosóficas da obra machadiana, cujo refluxo vivenciamos e cujos esforços teóricos culminaram com o reconhecimento, pela Stanford University, da importância da ficção machadiana para a filosofia da América Latina. Este livro é um relato do que significa falar da filosofia na obra de Machado de Assis. Contextualizada, ela é uma alternativa às tendencias de pensamento do século XIX,  quer emoldurado no pensamento positivista, quer emoldurado no ecletismo espiritualista, quer no modus vivendi instituído pelas novas relações de poder. Machado de Assis esboça conjecturas que descrevem as relações paradoxais do ser humano, efetivando, de maneira filosófica, as aporias no texto. Esse tipo de filosofia cética se caracteriza pela valorização do exame de um problema em detrimento de sua resolução. Por isso, a análise dos procedimentos retóricos desse autor, em especial a aporia e a ironia, nos dá pistas a respeito do pensamento filosófico subjacente a sua ficção. 

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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