ISALINO SANTOS – O
FADISTA DO PORTO JUDEU
A minha ligação ao
Porto Judeu porque lá passei grande parte da minha infância, faz-me recordar
com saudade esse tempo. Não se trata de um saudosismo “à-Salazar”, mas tão
somente pelo que a freguesia passava naquele tempo, com várias peripécias que,
inclusivamente, colocaram famílias “brigando” umas com as outras. Cigano ou
Castelhano? Barreiro ou Leões? Uns não iam aos jogos do outros, uns não iam aos
espetáculos (comédias) do rival por assim dizer. Mas hoje o Porto Judeu é uma
freguesia diferente, mais unida num todo. Por isso, entre o saudosismo e o
tempo hodierno, opto pelo segundo. Union Faite La Force!
Passava a época
estival e alguns finais de semana na estação invernosa no Porto Judeu. Viajando
sempre no velho autocarro da EVT que era conduzido pelo tio Chico pai do
Isalino Santos. O Isalino que chegou mesmo a ser cobrador. Pai e filho duas
pessoas de um extraordinário fino trato. O tio Chico mais calado e sempre
cuidadoso na condução entre Angra e o Porto Judeu. E sempre certinho no horário
de saída, quer de Angra (o José Louro andava sempre por ali) quer do Porto
Judeu para a cidade como era vulgar dizer-se.
Os tempos passaram
e eis que Isalino Santos, com uma voz timbrada, desponta para o fado. E algumas
vezes o vi cantar na esplanada do Marítimo. Estava o Porto Judeu bem
representado, sem sombra de dúvidas.
Isalino Santos também
emigrou para a Califórnia e lá não deixou de ser fadista, participando em
vários espetáculos de beneficência e não só. Sempre presente junto da
comunidade portuguesa, nomeadamente a açoriana e maior incidência os
terceirenses. Uma figura de destaque, pelo seu caráter, humanismo q.b. e os
seus atributos como fadista. É caso para se dizer HÁ FADISTA DO PORTO JUDEU.
Isalino Santos,
forte como é sentimentalmente falando, ultrapassou uma fase difícil após a
morte de sua estimada esposa. Continua bem presente junto da comunidade
portuguesa. Salvé, Isalino Santos, o fadista de voz encantadora. Só não
descobri se, no tempo das rivalidades no Porto Judeu, ele era Cigano ou Castelhano. Meia-meia não
podia ser.
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