Repetindo o que escrevi em anterior artigo: o mundo é pequeno, isto é, quando passamos por um lugar qualquer – cidade, vila, freguesia – e em qualquer país, encontramos uma cara conhecida, por vezes, também, um velho amigo. Já aconteceu aqui no Brasil, citando, por exemplo, os antigos jogadores de futebol Dé Aranha (Sporting) e Walter Casagrande (Porto), este último comentarista da GLOBO. E é por aqui que ligamos o fio à meada, falando do Pôncio, antigo basquetebolista da Académica de Coimbra que conheci quando fui integrado no Batalhão de Caçadores 471 que esteve em Angola. Um batalhão onde muito se fez pelo desporto, mormente nas modalidades de futebol e basquetebol, com jogos entre as companhias, jogos renhidos, sublinho. O Pôncio, que era inegavelmente um bom jogador, representou um dos grandes de Nova Lisboa e, num jogo de cariz decisivo para atribuição de título, fraturou um braço, que acabou por ser engessado. A triste notícia correu célere nas companhias do Bat. Caç. 471. Mas, para mim, o pior estava para vir. Uns dias mais tarde, um jogo de basquetebol entre duas companhias (a do Pôncio, claro) e aparece-me o Pôncio equipado para jogar. Claro que o pessoal que conhecia o meu temperamento (nunca brinquei como árbitro, treinador, jornalista, etc.) ficou, como sói dizer-se na gíria popular, com a pulga atrás da orelha. E, de fato, questionei o Pôncio que só o autorizaria a jogar sob a responsabilidade dele próprio e do alferes que comandava a equipa, isto perante algumas testemunhas, ou não fosse o diabo tecê-las. Tudo correu bem e o Pôncio, só com uma mão, fez um jogaço.
Volvidos alguns anos, o Pôncio, que é formado em direito, veio para a ilha Terceira trabalhar para um departamento governamental, visto que a esposa era (e continua a ser, lógico) natural da ilha. Normalmente, à hora do almoço, tomávamos café na Rua Direita e cujo estabelecimento pertencia (e ainda hoje continua) a um casal de terceirenses que residiram muitos anos aqui no Brasil. Com o Pôncio, matávamos saudades do nosso tempo de Angola, dos jogos que se realizavam, ou seja, os campeonatos entre as companhias. Mais tarde, o Pôncio regressou a Coimbra.
E insistindo que o mundo é pequeno, quando fui para Coimbra (remonta a 2001 e 2002) deparei-me com o Pôncio e a esposa no JUMBO, no Vale das Flores. Foi uma alegria este reencontro, para mais que ele desconhecia a minha presença na Cidade do Mondego. Tomamos um café, cavaqueamos, o Pôncio disponibilizou-se para algo que eu necessitasse para procurá-lo no seu escritório (penso que foi assim) e depois cada um foi à sua vida. Moral da história: nunca mais vi o Pôncio no JUMBO onde eu parava com muita frequência. Mas valeu por aquela tarde. E valeu, fundamentalmente, eu e o Pôncio em três frentes, embora de formas bem diferentes: no serviço militar, na ilha Terceira (a minha terra) e em Coimbra (a terra do Pôncio).
PS - No tal jogo de basquetebol do joga-não-joga, no final do mesmo acabei.
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