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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Da escritora Graziela Veiga


QUANDO AS COISAS SÃO FEITAS POR AMOR!!! ❤️

(só porque me apeteceu relembrar um pouco do meu passado)

Sempre tive o cuidado de colocar amor nas coisas que faço. Por vezes, exagero, pois tenho a mania da perfeição. Exijo que tudo fique tal como eu idealizo, ou seja, fique o melhor que se possa fazer. 
É exigente e cansativo, querer que tudo saia na perfeição. Ao fim de algum tempo, quase temos a tentação de deixar passar, mas há algo tão enraizado dentro de nós, de forma intrínseca, quando fazemos as coisas por amor, que jamais permitimos que alguém seja trapaceiro. 
É isso que acontece comigo. Não me conformo com imitações, com parecido. Gosto de tudo que é verdadeiro, autêntico, algo que me atrai pela beleza que emana. 
Deus fez tudo perfeito. E nós que somos criaturas feitas à sua imagem e semelhança, por que não havemos de tentar sermos perfeitos? 
Tenho um certo orgulho em tudo o que faço. Gosto de deixar trabalho bem feito, mesmo o mais simples. 
Fui Notária Eclesiástica durante dez anos. E até hoje, dá-me gozo quando as pessoas que comigo privaram e conhecem o meu trabalho, os meus registos, me acercam e dizem que eu tenho uma escrita espectacular. Que prazer me dá ouvir esse elogio! 
E de repente, chega um documento registado às mãos do Comandante do Regimento de Guarnição Nº 1, e eu tinha sido a responsável pelo endereço. Logo, o Comandante moveu esforços para saber de quem se tratava, a fim de me convidar para fazer o termo de abertura e encerramento no Livro de Honra do Regimento. Foi fácil chegar até mim, visto que, havia um Sargento que me conhecia, bem como a minha caligrafia. E assim, fiz o trabalho com caneta dourada. Ficou um primor. 
Recordo quantos estudantes e familiares, vinham pedir-me que preenchesse as fitas do fim do Curso, a fim de que ficasse uma escrita perfeita, além das dedicatórias da minha autoria, sempre com base nos cursos findos. Preenchimento de diplomas, também me passaram uns quantos pelas mãos. 
Sempre tive o cuidado em tudo que fiz, enquanto trabalhei como escrivã, meter o meu cunho pessoal, aprimorar o meu trabalho, a olhar o presente com os olhos postos no futuro, para que daqui a anos, as pessoas possam apreciar e comentar. 
Tenho o prazer de ter a minha caligrafia nos documentos diocesanos emitidos pela Câmara Eclesiástica, nas nove Ilhas dos Açores. Além de haver vários livros de registos manuscritos por mim. Baptismos, Casamentos e Óbitos, bem como termos de abertura e encerramento, bem como as tarjas da capa, onde menciono o fim a que se destinam. E ainda, os Livros de Actas, nas instituições que fiz parte, mormente, na minha freguesia natal, as Doze Ribeiras. 
Sempre tive prazer pela escrita. Por isso, tenho uma caligrafia elaborada, como um filólogo me disse. 
Modéstia à parte, ainda hoje, quando escrevo algo, é engraçado ver a reacção das pessoas em relação à minha caligrafia, pela sua beleza e porque é única, dizem elas. E para mal dos meus pecados, inconfundível. 
Hoje, lembrei-me de andar a estudar no Liceu, e certo dia deixei cair apontamentos num dos corredores. Escusado será dizer que quando me apercebi, fiquei preocupada, pois eram de importância, mas logo passou toda a preocupação, pois os apontamentos, segundo quem encontrou, só podiam ser de uma pessoa, meus. 
Apenas um pouco da minha história, como sou. 
Sou assim na escrita e sobremaneira em tudo que faço, desde comida, assiduidade da roupa, casa, enfim...tudo que me passe pelas mãos. 
Por mais que tente mudar, não é do meu estirpe. Serei assim até ao fim. É genético, mais forte do que eu. 
No entanto, sinto orgulho em tudo que faço, pois ponho sempre uma pitada de amor. E faz toda a diferença!!! 🙂
26-02-2019 
Graziela Veiga

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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